O fim do ‘banho de gato’

 

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Protótipo do lavatório corporal móvel, que promete mais praticidade aos banhos de pacientes internados em hospitais.

 

Acriação de um empresário paulista promete facilitar o trabalho de enfermeiros e aumentar a qualidade de vida dos pacientes internados em hospitais. O chamado lavatório corporal móvel torna possível dar banhos com ducha dentro do próprio quarto. O produto ainda não foi fabricado em larga escala, mas pode acabar com o uso de compressas para higienizar os pacientes e prevenir feridas formadas pela permanência em uma mesma posição durante muito tempo (escaras).

O protótipo do lavatório, feito em fibra de vidro, apresenta dimensões semelhantes às de uma maca. Colocada ao lado da cama, essa espécie de ‘banheiro portátil’ permite que o paciente permaneça deitado durante sua limpeza. O dispositivo integra uma ducha conectada por uma mangueira a um galão de plástico de 20 litros cheio de água limpa, localizado na parte interna do lavatório. A água é conduzida à ducha graças a uma bomba movida a energia elétrica, instalada também no gabinete inferior. Dentro deste gabinete, há ainda outro galão de 20 litros, que recebe os resíduos do banho (inclusive eventuais excrementos) por meio de um ralo central e de canaletas existentes na superfície de fibra de vidro.
 
O lavatório é capaz de suportar até 300 kg e, segundo seu criador, o administrador de empresas Douglas Caffaro, é ideal para qualquer paciente com limitações físicas. “O produto beneficia aqueles que estão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), que passaram por cirurgias ortopédicas, que sofreram queimaduras, enfim, todo tipo de paciente”, anuncia o inventor, “Com banhos melhores, a recuperação dos pacientes seria mais rápida.”
 
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O lavatório é alimentado com um galão de 20 litros de água, situado em seu interior. Um segundo galão coleta os resíduos do banho.

A idéia para a invenção surgiu em 2002, quando Caffaro era dono de um fábrica de acessórios de fibra de vidro para piscina. Naquele ano, a mãe de seu sócio sofreu um acidente vascular cerebral e teve que passar alguns meses internada no hospital. Constantemente, seu amigo queixava-se de como era complicado dar um banho em sua mãe naquele estado. “As enfermeiras tinham muita dificuldade em tirá-la da cama, colocá-la em uma cadeira de rodas e levá-la para o chuveiro”, conta. Sensibilizado, o empresário decidiu colocar a idéia em prática com seus funcionários. Em 2004, chegou ao modelo atual, com patente registrada em 123 países.

 
De acordo com Caffaro, não existe nada similar ao seu protótipo em todo o mundo. Nos hospitais brasileiros, a rotina de higienização de pacientes graves ainda se dá de forma limitada. “Fazemos a limpeza com algodões umedecidos e depois secamos com algodão também”, explica Valéria Mesquita, técnica de enfermagem da UTI do Hospital Municipal Miguel Couto, no Rio de Janeiro. Segundo ela, um lavatório corporal móvel seria bastante útil, pois, além de proporcionar uma limpeza completa do corpo, minimizaria a formação de escaras. Contudo, não acredita que a rede pública investiria no aparelho, já que ele deve custar caro.
 
Caffaro não revela quanto custaria cada lavatório, mas garante que a produção em larga escala seria altamente lucrativa. Hoje em dia, seus empreendimentos mudaram de ramo: ele é dono de uma imobiliária e está em busca de um comprador para sua patente. O empresário acredita que seriam necessárias de sete a dez peças por hospital, dependendo de seu porte. “O ideal seria um lavatório por andar”, recomenda o inventor, que diz já ter sido sondado por fábricas estrangeiras. No exterior, ainda seria possível superar adicionar um aquecedor elétrico para a água, que requer uma amperagem mínima de 30 watts. “No Brasil, as tomadas não agüentariam, pois têm de 10 a 12 watts”, calcula.
 

Para mais informações sobre o lavatório,
escreva para o inventor Douglas Caffaro

Lia Brum
Ciência Hoje On-line
26/09/05