Coexistir é a palavra de ordem entre atividade produtiva e natureza. Como produzir sem agredir foi uma das questões que levaram ao desenvolvimento da Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), ferramenta virtual que analisa a sustentabilidade de fazendas de gado de corte na região pantaneira.
“A Fazenda Pantaneira Sustentável avalia a sustentabilidade em escala de fazenda (sistema de produção) e também em nível regional, ou seja, avalia a viabilidade regional da atividade pecuária”, comenta Sandra Santos, pesquisadora da Embrapa Pantanal que coordena o projeto.
Em escala de fazenda, os indicadores considerados pelo aplicativo são a biodiversidade, conservação dos corpos d’água, conservação da produtividade e da qualidade das pastagens, manejo e bem-estar animal, aspectos financeiros e aspectos sociais – todos fatores essenciais para a geração de renda e manutenção do ambiente. Em escala regional, os indicadores englobam as dimensões social, econômica e ambiental, gerando um olhar amplo sobre a fazenda e seu entorno.
Utilizando um computador conectado à internet, o pecuarista, após realizar a coleta de dados – como o escore corporal dos animais, por exemplo – insere notas referentes aos indicadores. Eles estão classificados de forma a compor os atributos, que, por sua vez, se agrupam em classes para facilitar a visualização dos dados sobre a sustentabilidade da fazenda. “Numa situação hipotética em que o escore corporal dos bezerros é adequado, o escore corporal das vacas de cria é inadequado, o índice de requerimento de água é excelente e o índice de estrutura e gestão é ótimo, o atributo ‘Manejo e bem-estar animal’ é considerado Regular”, exemplifica Santos.
Entre os diversos usos do software estão a possibilidade de realizar certificação de fazendas que adotam estratégias de manejo sustentáveis para o ecossistema pantaneiro e o diagnóstico do sistema de produção, que aponta o que está bom e o que ainda precisa ser melhorado.
A ferramenta já foi aplicada nas sub-regiões da Nhecolândia e Paiaguás e estará em breve pronta e disponível para os pecuaristas pantaneiros. “Usar a Fazenda Sustentável Pantaneira para quantificar o impacto da atividade sobre os aspectos ambientais, econômicos e sociais é uma das formas de valorizar os sistemas extensivos de produção de gado de corte, o que possibilitaria agregar valor aos sistemas sustentáveis”, encerra Santos.
Everton Lopes
Instituto Ciência Hoje/ RJ