Quem tem medo de inseto?

A vasta biodiversidade brasileira faz com que mais de um milhão de diferentes espécies de insetos estejam presentes no nosso cotidiano. Expressões como ‘pulga atrás da orelha’ ou ‘sangue de barata’ e cantigas populares como ‘Borboletinha’ demonstram como esses animais fazem parte da vida das pessoas. Mas será que os vemos da maneira mais adequada? Recente estudo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), unidade da Fundação Oswaldo Cruz, mostra que a população brasileira não tem uma boa identificação com os insetos e essa relação é marcada por desinteresse e indiferença.

A fim de mudar essa realidade, está aberta até o dia 14 de março no Museu da República, no Rio de Janeiro, a exposição ‘Insetos na cultura brasileira’. A mostra reúne insetos gigantes, obras de arte e um borboletário, com o objetivo de aproximar a população dos insetos. Segundo o entomólogo e organizador do evento Ricardo Lourenço, do IOC, a ideia é “proporcionar uma experiência estética ao visitante, que poderá acompanhar de perto a rotina desses animais”.

Assista a um vídeo que mostra alguns dos atrativos da exposição.

No estudo do IOC, os pesquisadores perceberam, por exemplo, que as representações gráficas do Aedes aegypti (transmissor da dengue) não eram suficientes para gerar alguma mudança de comportamento nas pessoas. “Elas simplesmente não associavam os desenhos aos mosquitos reais”, diz Lourenço. Segundo ele, a falta de informação e contato com os insetos é um grande problema, já que submete a população às diversas doenças transmitidas por esses animais. “Não é uma questão de sentir medo ou apatia. O importante é conhecer.”

A pesquisa comprovou ainda que a zona urbana tem maior índice de desconhecimento quanto aos insetos que a zona rural, por causa da falta de contato. Por isso, foi escolhido o Museu da República para abrigar a exposição. A sua localização central representa um ponto positivo, pois atrai um maior número de pessoas.

Atrações para todos

Gruta da exposição Insetos na cultura brasileira
A exposição começa pela gruta, que tem um espaço dedicado à apresentação de áudios e vídeos com cantigas, contos e lendas que mostram a influência dos insetos na cultura popular (foto: Larissa Rangel).

A mostra, realizada ao ar livre, conta com diversos atrativos, como instalações e objetos de arte, esculturas de carnaval, borboletário, exposição de insetos, áudios, vídeos e oficinas. A disposição das atrações pelos jardins do Museu constitui um ambiente de natureza bem adequado ao tema. E, para aqueles que querem escapar do clima quente do verão, é possível observar a exposição e descansar sob as sombras que o espaço oferece.

A exposição começa pela gruta, um espaço original do Museu redecorado especialmente para abrigar exemplares do acervo da coleção de insetos do Instituto Oswaldo Cruz. Ali, os visitantes têm a oportunidade de conhecer de perto centenas de espécies. E todas as atividades desse espaço são ambientadas por sons dos próprios animais, para que haja uma familiarização ainda maior.

A próxima atração no percurso da exposição é o borboletário. Tatiana Alves, coordenadora dos monitores, conta que esse é o espaço que mais encanta os visitantes. “Muitas pessoas nunca tiveram esse contato tão próximo com as borboletas e essa é uma ótima oportunidade para estimular seu interesse e permitir que elas conheçam um pouco mais sobre a vida dos bichinhos”, comenta. No borboletário, é possível tocar nos insetos e aprender sobre os seus hábitos, transformando conhecimento científico em experiência.

Borboletário da exposição Insetos na cultura brasileira
No borboletário, monitores explicam aos visitantes um pouco mais sobre os hábitos das borboletas (foto: Larissa Rangel).

Para as crianças, há uma programação especial nos fins de semana, que inclui teatro de fantoches e atividades com contadores de histórias. “A ideia é estimular o interesse o quanto antes; portanto, nada melhor que instruir as crianças”, comenta Ricardo Lourenço.

Sucesso de público

Instalação de arte sobre insetos
Os jardins do Museu exibem também duas instalações da artista plástica Cristina Pape (foto: Larissa Rangel).

A exposição, visitada por cerca de mil pessoas diariamente, tem feito considerável sucesso. O interesse e a curiosidade dos visitantes são constantemente estimulados pelas diversas atrações. “Percebemos que todos têm dúvidas e querem conhecer mais”, conta Tatiana Alves. E completa: “E o objetivo dessa exposição é justamente fazer com que o medo e a repugnância que as pessoas têm sejam transformados em conhecimento e atenção.”

Os organizadores da mostra pretendem no futuro montar um borboletário permanente no IOC. Ricardo Lourenço enfatiza: “Acreditamos que, com um contato mais próximo com os insetos, as pessoas podem mudar sua atitude.”

 

Exposição ‘Insetos na cultura brasileira’
Museu da República
End.: Rua do Catete, 153, Catete – Rio de Janeiro
Telefone: (21) 3235-2650
De terça a domingo, das 9h às 17h
Até 14 de março
Entrada gratuita

Larissa Rangel
Ciência Hoje On-line