ChatGPT: tecnologia, limitações e impactos

ChatGPT: tecnologia, limitações e impactos

Como a inteligência artificial pode estar presente em aulas de matemática na educação básica? O artigo ChatGPT: tecnologia, limitações e impactos destaca preocupações e indica mecanismos necessários para a regulação dos usos da inteligência artificial nos mais diferentes ambientes. No contexto da educação, tais usos podem acarretar em problemas como o plágio, a ausência de referências e fontes, além da utilização de respostas incorretas por parte dos estudantes. Porém, essas dificuldades não devem impedir o uso de tecnologias em sala de aula, tampouco interditar o debate sobre o tema entre estudantes e docentes. Assim, propomos aqui uma sequência pedagógica para aulas de matemática, buscando refletir sobre algumas questões abordadas no artigo.

Possibilidades de abordagem:

  • Debater a relação entre o uso de tecnologias de inteligência artificial, a autoria e o plágio em atividades que requerem a produção individual ou coletiva;
  • Apresentar a importância das referências e fontes no processo de produção do conhecimento científico, especialmente na área de matemática;
  • Investigar os conjuntos numéricos e seus subconjuntos, a partir da cardinalidade e da ideia de infinito enumerável;
  • Analisar criticamente respostas provenientes de meios digitais, considerando a possibilidade de que estas sejam imprecisas, incorretas ou promovam ideias deturpadas.

Proposta de atividade:

Esta proposta é indicada para aulas de matemática em turmas de 1ª série do Ensino Médio, porém é possível adaptá‐la para outras séries. Recomenda‐se que o texto do artigo ChatGPT: tecnologia, limitações e impactos seja disponibilizado previamente para os estudantes, com a indicação de leitura como tarefa de casa. Nos primeiros momentos de aula, indica‐se que ocorra o estímulo à apresentação das impressões e dos comentários gerais dos estudantes em relação ao texto lido. Em seguida, é importante enfatizar o que está presente no tópico “Limitações do modelo”, do referido artigo. Para isso, aconselha‐se a releitura em sala deste tópico, com posterior debate sobre o uso de tecnologias de inteligência artificial em atividades que requerem a produção autoral. Nesse momento, é imprescindível tratar dos limites do uso dessa ferramenta, das possibilidades de plágio e seus significados e da importância do uso de referências.

Após o debate do texto, recomenda‐se a apresentação das duas questões a seguir, ambas versando sobre a cardinalidade de conjuntos numéricos:

  • Existem mais números naturais ou números pares? Justifique.
  • Existem mais números naturais ou números inteiros? Justifique.

Deve‐se permitir que cada estudante elabore suas respostas e justificativas durante 20 minutos da aula. Durante esse período, vale percorrer a sala de aula e estimular que os estudantes fundamentem suas respostas a partir do conhecimento que têm sobre conjuntos numéricos. Em seguida, deve‐se solicitar que eles se manifestem quanto às respostas. Provavelmente, responderão que existem mais números naturais e mais números inteiros, nas questões 1 e 2, respectivamente. Nesse momento, cabe apresentar o conceito de cardinalidade, a partir do material indicado ao final, no Explore +.

A partir do conceito de cardinalidade, os estudantes poderão perceber que a resposta correta para as duas questões é: “os conjuntos possuem a mesma quantidade de números”. Esse é o momento de enfatizar que respostas para determinadas perguntas podem sofrer influências de crenças e definições imprecisas que levam a erros. Em continuidade, reserve os minutos finais da aula para apresentar e debater sobre duas perguntas que versam sobre o mesmo tema (cardinalidade de conjuntos infinitos), mas foram redigidas de formas diferentes e apresentadas na ferramenta ChatGPT. Elas estão nas imagens a seguir, juntamente com as respostas dadas pela ferramenta de Inteligência Artificial.

É Interessante perceber que o ChatGPT se contradiz com as duas respostas fornecidas, já que em uma afirma que a quantidade de naturais é maior que a de pares e na outra diz que ambos os conjuntos possuem a mesma cardinalidade. A partir disso, uma possível atividade seria estimular os estudantes a:

  • conjecturar os motivos dessa ferramenta fornecer tais respostas;
  • fazer perguntas ao ChatGPT para investigar tais conjecturas criadas.

Exemplo:

  • Conjectura: Será que o ChatGPT tem diferentes concepções entre “quantidade de elementos de um conjunto” e “cardinalidade”?
  • Perguntas: “O que são conjuntos com a mesma cardinalidade?”; “Qual o conjunto dos números naturais?”; “Qual o conjunto dos números pares?”; “Existe uma correspondência biunívoca entre o conjunto dos números naturais e o conjunto dos números pares?”; “Então, qual conjunto tem cardinalidade maior: o dos números naturais ou o dos números pares?”.

Por fim, recomenda‐se que, mesmo com as limitações apontadas, haja o encorajamento para os usos de tecnologias digitais em sala de aula de forma crítica e responsável. Vale deixar as duas questões a seguir como tarefa de casa, indicando que suas respostas serão debatidas nas próximas aulas.

  • Existem mais números naturais ou números racionais?
  • Existem mais números naturais ou números reais?

Recursos utilizados:

  • Versão impressa ou disponibilizada digitalmente do texto ChatGPT: tecnologia, limitações e impactos;
  • Imagens indicadas neste texto, apresentadas impressas ou digitalmente;
  • Celulares ou computadores com acesso à internet.

Cardinalidade de conjuntos. Módulo do Portal da OBMEP sobre cardinalidade em conjuntos contendo vídeoaulas, material teórico e exercícios sobre os tema. Disponível em https://portaldaobmep.impa.br/index.php/modulo/ver?modulo=383#

Hotel de Hilbert. Série Matemática na escola, M3 Matemática Multimídia, UNICAMP. Disponível em: https://m3.ime.unicamp.br/recursos/1117

O infinito existe? Artigo de Ciência Hoje das Crianças. Disponível em: https://chc.org.br/artigo/o‐infinito‐existe/