Qual a chance de duas irmãs se tornarem atletas de alto rendimento em um mesmo esporte? Qual a probabilidade de elas, ao mesmo tempo, serem nº 1 e nº 2 do ranking mundial da modalidade esportiva? Qual a probabilidade de que as duas irmãs se enfrentem em uma final de um torneio importante? As respostas para todas essas perguntas podem ser os termos “pouco provável” ou “improvável”. E se essas irmãs forem mulheres negras em um país cuja sociedade se estruturou a partir da segregação racial? Nesse caso, há até quem diga que tal situação é “impossível”.
O artigo “O grande encontro”, publicado na coluna “Qual é o problema?” de CH 407 apresenta uma situação similar à da terceira pergunta que fizemos acima e discute como calcular probabilidades em espaços amostrais equiprováveis. A partir desse problema, discutiremos o possível e o impossível na Matemática e na trajetória das tenistas Venus e Serena Williams.
Esta proposta é, idealmente, voltada para aulas interdisciplinares envolvendo as disciplinas de Matemática e Sociologia em uma turma de 2ª série do Ensino Médio, porém são possíveis adaptações caso não exista a possibilidade de docência compartilhada entre os professores das duas disciplinas. Recomenda-se que a aula ocorra após o tema Probabilidade ter sido introduzido em aulas de Matemática e os temas preconceito, discriminação, desigualdade racial e de gênero terem sidos abordados em aulas de Sociologia.
É indicado que a aula seja iniciada com a leitura da coluna publicada em CH 407, suprimindo o “Desafio”, bem como sua solução. Após a leitura, promova um debate no qual os estudantes sejam motivados a responder as três perguntas que figuram na abertura desta proposta.
São elas:
Após o debate inicial, comente que as respostas para essas perguntas não devem obedecer necessariamente a modelagens matemáticas, uma vez que não se trata de contextos equiprobabilísticos. Neste momento, é recomendado retomar a definição de preconceito com ênfase ao preconceito racial e de gênero, bem como trazer informações e dados sobre a presença do racismo e do sexismo em nosso cotidiano – uma breve explanação sobre interseccionalidade pode ser bem-vinda também – solicitando que os estudantes elaborem um material onde seja descrito um ou mais atos de discriminação. Tal material pode ser em diversos formatos, como textos, charges, desenhos e poesias. Os casos de discriminação podem ser pesquisados na hora ou mesmo partir de experiências que lhes são conhecidas – que lhes foram relatadas ou que tenham tido grande repercussão.
Como tarefa a ser realizada nos minutos finais da aula, apresente o “Desafio” que consta no fim da coluna. Possibilite que os estudantes organizem suas soluções por, pelo menos, 10 minutos. Em seguida, debata a solução apresentada na coluna e indique as tarefas domiciliares descritas a seguir.
Por fim, organize em outro dia letivo uma sessão de apresentação do filme King Richard: Criando Campeãs, protagonizado por Will Smith e que conta a história de Richard Willians e suas filhas Venus e Serena, disponível em plataformas de streaming como Amazon Prime ou HBO Max. Em conjunto com professores de outras disciplinas, como Artes, Educação Física ou Língua Portuguesa, proponha uma tarefa de produção textual sobre o tema, destacando as questões sociais presentes no filme e mobilizando o material produzido na Tarefa Domiciliar 2, com destaque para as questões raciais e de gênero, a ser entregue em uma próxima aula.
Aula de Geometria. Revista Tênis. Disponível em https://revistatenis.uol.com.br/artigo/aula-de-geometria_12373.html
Episódio 1 ‘Desigualdade de Raça e Gênero no Mundo do Trabalho’. ONU Mulheres Brasil. Vídeo disponível em: https://youtu.be/g8FVAmAFSjs?feature=shared
Serena Williams explica alguns aspectos de como o racismo funciona. Observatório da Discriminação Racial no Futebol. Disponível em: https://observatorioracialfutebol.com.br/serena-williams-explica-alguns-aspectos-de-como-o-racismo-funciona/
Educação matemática crítica e a (in)justiça social: práticas pedagógicas e formação de professores. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2021.