O filme “Pecadores”, de Ryan Coogler, utiliza-se do terror e da figura dos vampiros para fazer uma grande alegoria sobre a história racial estadunidense, com foco nos grupos afro-americanos, mas passando também por grupos asiáticos, indígenas e imigrantes de minorias europeias. A partir desse filme, comentado na seção “Na Tela” de CH 423, é possível realizar uma série de reflexões em sala de aula, mas é importante atentar para o fato de que há cenas fortes. O filme tem classificação indicativa de 16 anos, mas mesmo que a turma em que a atividade será realizada tenha a totalidade de seus estudantes acima dessa faixa etária, uma seleção de cenas é necessária para adequar a proposta à sensibilidade de cada um.
A atividade deve se iniciar com uma apresentação do filme e do seu diretor, informando em linhas gerais a sinopse da história. Em seguida, uma seleção de cenas deve ser apresentada, a partir da qual uma série de discussões pode ser realizada. Sugerem-se algumas cenas:
A partir dessas cenas, muitos temas podem ser debatidos: o papel dos griots na preservação da memória e da tradição na África Ocidental; as leis de segregação no sul dos Estados Unidos, o surgimento da Ku Klux Klan e as práticas de linchamento; ritmos como o blues (mas também o rock and roll e o hip hop) como formas de resistência cultural, e a importância de espaços de confraternização como os juke joints; a presença da religiosidade africana no continente americano (o filme faz referência ao culto de Voduns e Orixás, também presentes no candomblé de nações Jeje e Ketu, respectivamente, no Brasil); as permanências da escravidão nas fazendas de algodão do sul dos Estados Unidos, com seus empregados recebendo em vales, não em dinheiro de verdade; as dinâmicas da segregação nos Estados Unidos, e suas diferenças em relação ao caso brasileiro; a relação entre ancestralidade, música e tradições de matriz africana.
Sugere-se ainda uma reflexão: o que os vampiros podem significar no filme? Eles podem ser interpretados como uma alegoria da violência colonial, mas a fala de um dos vampiros também traz a ideia de que a morte (transformação em vampiro) traria a verdadeira libertação dessa mesma violência colonial.
Como trabalho final, pode ser solicitado aos estudantes que eles criem, individualmente ou em grupo, narrativas de vampiros que ajudem a contar a história de grupos marginalizados da história do Brasil, usando a trajetória do filme como modelo.
SANTOS, Raphael. Pecadores – não é sobre vampiros. Vídeo do canal “PH Santos”, disponibilizado na plataforma Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FtaPg_A3JUY. Acesso em agosto de 2025.