Muitos dos conhecimentos humanos desenvolvidos na antiguidade são revistos à luz das tecnologias da ciência moderna e podem ser um enigma difícil de desvendar. O texto intitulado “Um teste de gravidez para Cleópatra”, publicado em CH 422 e de autoria de Leandro Lobo, nos apresenta o desafio da ciência de hoje em entender a relação que os antigos egípcios observavam entre a germinação de sementes e a urina de mulheres grávidas. 

O texto reitera a relação da urina das mulheres grávidas com a germinação de sementes a partir dos testes atuais, porém apresenta diversas possibilidades relacionadas aos componentes da urina. Sobre a ureia, o texto menciona um aspecto interessante para se abordar num experimento de ciências: a decomposição da ureia em amônia. 

A dica de química produzida a partir do texto “Um teste de gravidez para Cleópatra”, publicado em CH 422, aprofunda a discussão a respeito da decomposição da ureia citada no texto. A urina humana tem a seguinte composição: ureia 9,3 g/L, cloretos 1,87 g/L, sódio 1,17 g/L, potássio 0,750 g/L e creatinina 0,670 g/L, além de outros íons dissolvidos, compostos orgânicos e inorgânicos. Portanto, a ureia é um dos componentes da urina. Em presença da enzima urease em meio aquoso, a ureia se decompõe em amônia e gás carbônico.

CH4N2O (s) + H2O (l)   urease         2NH3 (aq.) + CO2 (g)

A reação abrange os tópicos em química sobre reações de decomposição, cinética química e pH. Nossa sugestão é fazer uma aula teórico-experimental na qual os estudantes, com o auxílio de bécher e bastão de vidro, deverão preparar soluções diluídas de ureia em água e medir o pH da solução com papel de pH. Depois, devem separar a solução em duas partes, em dois tubos de ensaio diferentes. 

Num dos tubos, devem colocar algumas gotas do extrato aquoso de grãos de soja crus. Após alguns minutos, devem medir o pH das soluções nos tubos de ensaio. A evidência da reação se dá pelo aumento do pH da solução em que a enzima urease, presente na soja, promoveu a formação de amônia que ficou em meio aquoso. O CO2 formado é liberado do meio reacional. Uma variação do experimento é fazer um terceiro tubo e adicionar uma parte do extrato de soja submetido previamente à fervura (desnaturação da enzima).

A despeito do teste de gravidez do antigo Egito, a urina tem sido utilizada como biofertilizante. Estudos mostram que o uso da urina humana pode ser fonte de nitrogênio e fósforo e oferecer uma alternativa ecológica para a agricultura. Estes fatos alimentam um bom debate com os estudantes.