Escolha, use e compartilhe

Aos poucos, o conceito de ‘conteúdo colaborativo’ vem alcançando os professores. Depois de tratar do Educarede – projeto da Rede Telefônica de compartilhamento de informações sobre educação –, o Alô, Professor entrevistou um dos criadores Pontociência: o químico Alfredo Luis Mateus, professor do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (Coltec/UFMG).

O Pontociência é uma ferramenta de compartilhamento de ideias sobre educação. Mais precisamente, de experiências para serem ministradas nas escolas. Se o professor quiser uma atividade para a aula de física, por exemplo, há 208 delas elencadas por lá. Só de magnetismo e eletromagnetismo existem 32 exercícios em destaque.

“Uma das maiores dificuldades que os professores têm é encontrar material  confiável” 

– Em 2008, o Ministério da Ciência e Tecnologia, estimulado por Ildeu de Castro Moreira, nos chamou para criar uma página com o cerne na área de educação e experimentação em ciências. Uma das maiores dificuldades que os professores têm é encontrar material confiável nessa área – explica Alfredo, por telefone. – Aproveitamos para tentar criar uma rede colaborativa de educadores e alunos.

O Pontociência funciona, portanto, seguindo o bem-sucedido modelo de ‘portal baseado em uma comunidade’. Exemplos de sites culturais que servem como exemplo não faltam no Brasil. Overmundo e Café História já estão pela rede faz tempo. Mas a ciência e, sobretudo, a educação ainda são incipientes nessa nova internet.

– Hoje, temos 482 experimentos para a sala de aula publicados. Nossa equipe os produz junto com a comunidade. É um jeito mais informal para que algumas metodologias saiam dos estudos na universidade e cheguem mais rapidamente às escolas – diz o químico, que critica a burocracia que existe na submissão de artigos a revistas especializadas. – Nós somos uma espécie de atalho.

Assista a uma experiência retratada no portal

E o que pode ser achado entre as centenas de experimentos?

Pode ser achado de tudo. De sugestões mais simples – como a que ensina a colorir a água com cargas de canetas velhas – a ideias mais sofisticadas e criativas (no entanto, fáceis de executar), como a que explica a mudança de estado da água por meio de uma brincadeira com latinhas de refrigerante.

O dia a dia

A equipe do Pontocência é formada por professores da UFMG e alunos bolsistas de diversos cursos da universidade – inclusive estudantes da área de humanas, que ajudam com textos e edição dos muitos vídeos da página.

“Os os próprios usuários nos ajudam no controle do portal”

A moderação do conteúdo publicado pela comunidade (hoje são 4.600 cadastrados) é feita apenas após a publicação. “Tem de tudo, pois é um site aberto”, conta Alfredo. “Mas os próprios usuários nos ajudam no controle do portal”.

Alfredo, que é professor de química do Coltec/UFMG, apresenta ideias de divulgação do conteúdo da página. Algumas propostas já se concretizaram, como um livro com experimentos (resenhado pela CH) e um DVD de divulgação do Pontociência. “Queremos publicar as experiências em mídias diversas, fazer com que mais pessoas percebam que não se precisa de muito para criar”, diz.


Thiago Camelo

Ciência Hoje On-line