A tecnologia vai diminuir a chance de fraude nas eleições deste ano nos municípios de Colorado do Oeste (RO), São João Batista (SC) e Fátima do Sul (MS). Essas cidades vão sediar o teste que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fará das urnas biométricas, providas com um sistema de identificação de impressão digital que permite confirmar a identidade do eleitor. Se o teste for bem sucedido, a idéia é estender essa tecnologia de análise biométrica, nos próximos cinco a 10 anos, para todo o país, criando o maior banco de dados biométricos do mundo.

O projeto começou em 3 de março último com o início do cadastramento dos quase 45 mil eleitores dos três municípios. Eles tiveram seu retrato, dados pessoais e as digitais das duas mãos registradas em um banco de dados. “Escolhemos essas cidades porque elas se encaixavam nos requisitos: têm aproximadamente 15 mil eleitores; passaram por um processo de revisão de seu eleitorado; abrigam zonas eleitorais e estão próximas à capital de seu estado”, conta o secretário de tecnologia da informação do TSE, Giuseppe Dutra Janino.

A urna biométrica reconhece o eleitor por sua impressão digital (foto: TSE).

Com os seus dados cadastrados, o eleitor, no momento da votação, posiciona o dedo no leitor biométrico, um aparelho que já vem instalado de fábrica na urna. O aparelho analisa a impressão digital, comparando as características desta com as da imagem no banco de dados da urna, e apresenta na tela do microterminal o nome do eleitor, confirmando se ele de fato é quem diz ser.

Havendo a coincidência dos detalhes, a urna é liberada automaticamente para votar, sem que o mesário precise intervir. Além disso, o mesário da seção terá uma lista impressa com os dados do eleitor, inclusive a sua foto.

“Há 17 características dessa região do dedo que podem ser usadas para a identificação. Com seis delas, já é possível haver reconhecimento; por isso, burlar esse sistema é muito difícil”, revela o engenheiro eletrônico Almir Meira Alves, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) e especialista nesse tipo de tecnologia. Ele ressalta que a presença da foto também ajuda na segurança.

98% de sucesso
As urnas já foram testadas em simulados nas três cidades. Segundo Janino, o índice de sucesso foi de 98%. A falha dos 2% restantes – chamados de falso negativo, pois apesar de ser realmente a pessoa que está votando, o sistema não a reconhece como tal – é atribuída a dificuldades em reconhecer a digital da pessoa. “Isso é comum quando um indivíduo costuma manusear produtos químicos”, revela o secretário, mas ele garante que nesses casos não haverá problema para o eleitor. “Se não houver o reconhecimento, basta que a pessoa apresente o documento de identificação ao mesário, como faria normalmente, registrando-se em ata essa ocorrência para tomar medidas futuras.”

Além de aumentar a confiabilidade nos resultados das eleições, reduzindo ainda mais a intervenção humana no processo, as urnas biométricas também podem levar ao desaparecimento do título de eleitor. “Uma vez que todos os eleitores estejam cadastrados, não haveria necessidade de documentos”, pondera Janino. Ele calcula um período de cinco a 10 anos para que os 130 milhões de brasileiros que votam estejam no cadastro.

“Começaremos a mobilização para isso no ano que vem, o que envolve, entre outras coisas, um projeto de lei”, explica o secretário, que acrescenta que o TSE deve procurar uma colaboração com o Ministério da Justiça. “A idéia é compartilhar recursos, como o banco de dados que será criado para o futuro Registro de Identidade Civil único”, conclui Janino.

Fred Furtado
Ciência Hoje / RJ

 

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