Bullying e violência contra a mulher

Em tempos em que a agressão (séria) de um garoto de 14 anos contra um de seis em uma tradicional escola do Rio de Janeiro (RJ) ganhou proporções nacionais, o resultado de um novo estudo, publicado no periódico Archives of Pediatrics & Adolescent, tem muito a dizer: a prática da violência do chamado bullying na juventude está associada à violência contra a mulher na fase adulta da vida.

Os autores foram a três centros de saúde comunitários em Boston (Estados Unidos) e entrevistaram 1.491 homens entre 18 e 35 anos. As questões eram sobre violência contra a parceira no último ano; prática de bullying nos tempos de escola; se ou não havia sido vítima de bullying no passado; exposição à violência doméstica ou comunitária; experiências de abuso físico ou sexual na infância; prática de delinquência (com ou sem violência).

Do total de entrevistados, 241 (16%) disseram ter cometido violência física ou sexual contra a parceira no ano anterior, sendo que 92 deles frequentemente praticavam bullying contra colegas na escola. Outros 63 faziam isso raramente.

Aqueles que praticam bullying na escola contra colegas têm maior probabilidade de cometer violência física ou sexual contra a parceira na idade adulta

Quando outros fatores de risco foram levados em conta, os resultados foram os seguintes: membros do segundo grupo (63 homens) mostraram ter probabilidade 1,53 maior de praticar violência contra a parceira quando comparados aos homens que não praticavam bullying na juventude. Número para aqueles 92 homens do primeiro grupo: 3,82.

A conclusão dos autores, liderados por Kathryn Falb, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard (Estados Unidos): aqueles que praticam bullying na escola contra colegas têm maior probabilidade de cometer violência física ou sexual contra a parceira na idade adulta. Portanto, programas para diminuir o bullying escolar poderiam baixar os índices de violência contra a mulher.

Por que esses dois comportamentos estão relacionados? Os autores não sabem dizer. Mas eles pretendem investigar.

Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ

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