O que é o vitiligo e quais as formas mais eficazes de tratamento? Existe alguma nova técnica para tratar o problema?

O vitiligo caracteriza-se pela perda da cor normal da pele devido ao mau funcionamento dos melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina — substância marrom que dá cor à pele e absorve toxinas produzidas pelo organismo. Se ocorre grande quantidade de lixo metabólico (por causa do estresse constante, por exemplo) em regiões da pele onde os melanócitos nascem deficientes, estes se alteram e passam a ser reconhecidos pelo sistema imunológico como células estranhas, que são agredidas e inativadas, deixando de produzir a cor normal. O vitiligo também pode ocorrer por causa de deficiências nutricionais — falta de sais minerais e vitaminas essenciais ao metabolismo dos melanócitos –, que favorecem o acúmulo de lixo metabólico intracelular. Todos esses fatores devem ser tratados conjuntamente.

Em casos de lesões localizadas e resistentes a essas medidas, podem ser adotadas técnicas de enxerto de pele normal na região afetada. Uma nova técnica consiste na raspagem superficial da área doadora — normalmente, a área sacral, no fim da coluna — e sua aplicação na região sem pigmentação, com anestesia local. O material colhido é colocado em uma placa de vidro, diluído em soro fisiológico e transformado em uma ‘papa’, posteriormente adicionada na área com vitiligo, também raspada. Em seguida, veda-se a região com uma membrana plástica especial, por sete dias, até que a pele cicatrize com aspecto rosado.

As células adicionadas (melanócitos e queratinócitos) são, então, estimuladas com medicações a se multiplicarem até cerca de três meses, quando se desenvolve a pigmentação. A técnica só é indicada para áreas relativamente pequenas, pois a área doadora pode chegar a ser a metade da região a ser tratada. Além disso, o vitiligo não pode estar ativo, ou seja, a produção de anticorpos contra melanócitos não deve existir, para não inativar a pele implantada.

Para vitiligos mais extensos, existem outros métodos de enxerto mais trabalhosos que permitem a cobertura da área em um único ato. Em todos os casos, é fundamental o tratamento clínico tanto para bloquear a evolução da doença quanto para estimular a proliferação da pele enxertada e a repigmentação da pele afetada. O enfoque ideal é a combinação dos tratamentos por via oral e local, sem esquecer da importância de uma avaliação prévia feita através da consulta com um especialista.

Ciência Hoje 173, julho 2001 

Carlos D’Apparecida Santos Machado Filho,
Faculdade de Medicina do ABC (São Paulo).

 

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