As espécies podem ser identificadas por um conjunto de características bastante peculiares, relacionadas às mais distintas áreas da biologia: morfologia (cores, estruturas externas e internas do corpo, como ossos, projeções da carapaça, formato da genitália, entre outros), características comportamentais (padrão de acasalamento, de construção de ninhos), genética (DNA), sons (como o canto de certos pássaros), entre outras.
Assim, essas características devem ser analisadas de forma individual ou conjunta para a identificação de uma planta ou animal. Quando um pesquisador acredita ter encontrado uma espécie ainda não conhecida, ele primeiro precisa verificar se a planta ou animal já foi ou não catalogado com base na comparação com outras espécies já descritas e cuja informação a ciência já dispõe. Isso é feito com base em dados bibliográficos publicados ou com outros exemplares disponíveis em coleções de museus de história natural. Fotografias e ilustrações podem ajudar bastante na identificação, mas, sobretudo no caso de invertebrados, elas não bastam para se ter uma identificação correta da espécie.
No caso específico de insetos, as características mais utilizadas são algumas partes do corpo relacionadas ao exoesqueleto (carapaça que recobre o corpo do inseto, formando o esqueleto externo característico deles). As regiões do corpo usadas para comparação podem variar de acordo como os tipos de insetos, grupo animal mais diverso do planeta, com mais de 1 milhão de espécies catalogadas. Entre essas áreas do corpo, se destacam as estruturas da genitália, das asas e, em alguns grupos de insetos, os padrões de cores de certas partes do exoesqueleto e das próprias asas.
No caso específico de mariposas e borboletas, são observadas, principalmente, as características das genitálias dos machos, por meio de dissecção (cortes que permitem a observação dos órgãos internos) e por padrões de nervuras (pequenas linhas nas asas que se assemelham a canudos preenchidos pelo sangue dos insetos e que se conectam com o corpo), de manchas, cores e desenhos das escamas das asas.
As espécies são diferenciadas por pequenas distinções na morfologia dessas estruturas, que recebem uma terminologia bastante complexa para fins de comparação por parte dos especialistas.
Ao ser constatado que se trata de uma espécie nova para a ciência, o pesquisador deve publicar um trabalho em que descreva detalhadamente a anatomia dos espécimes que coletou, além de fornecer um nome duplo em latim ou latinizado, no qual o primeiro é o nome do gênero e o segundo, o nome específico. Espécies muito parecidas são agrupadas em gêneros, ou seja, espécies mais aparentadas entre si do que com qualquer outra pertencem a um mesmo gênero, tendo o mesmo nome genérico. Por exemplo, duas espécies diferentes de mariposas-azuis conhecidas como capitão-do-mato (Morpho menelaus e Morpho achilles) têm o mesmo nome genérico.
Assim, no caso específico do leitor, há a necessidade de se entrar em contato com um especialista no grupo de mariposas (entomólogo especializado na ordem lepidóptera) para uma profunda análise da morfologia do inseto e a possível constatação de o seu exemplar ser ou não uma nova espécie para a ciência.
Leandro Lourenço Dumas
Laboratório de Entomologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro