A tecnologia touch screen (tela sensível ao toque, em português) – que possibilita a interação com o conteúdo digital em uma tela a partir do reconhecimento de toques dos dedos ou da mão – em breve poderá ser utilizada também nos consultórios médicos.
Sócios de uma empresa incubada no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) estão desenvolvendo um programa que dispensa o uso de superfície própria e será útil na visualização de exames, por exemplo.
Enquanto a tecnologia tradicional é composta por uma tela com sensores que captam os movimentos dos dedos, o novo produto dispensa o uso de suporte fixo e pode projetar imagens em qualquer superfície.
Como? “Em vez de sensores, há uma câmera que registra os movimentos dos dedos e das mãos à sua frente e os traduz em manipulações na imagem”, explica o engenheiro Rafael Silva, um dos sócios da Ice Interactive, empresa autora do projeto.
Ou seja: o computador projeta a imagem a ser visualizada – na parede, em um quadro branco ou até no chão – e o usuário faz gestos e movimentos com os dedos. Gravados pela câmera e reconhecidos pelo programa, esses gestos resultam em comandos, que podem ser, por exemplo, a aproximação da imagem ou a escolha de um ponto específico para detalhamento.
“Os movimentos são os mesmos de um touch screen tradicional”, garante Silva, que está desenvolvendo o programa juntamente com os sócios e engenheiros Allan Dieguez e Simon Soares.
Em busca do suporte ideal
Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o projeto terá também um suporte específico onde as imagens deverão ser projetadas.
“Ainda estamos pesquisando junto à comunidade médica qual seria o melhor material para o suporte”, conta Silva. De qualquer forma, a ideia é que o programa possa ser vendido também separadamente. Neste caso, o usuário poderá utilizar qualquer câmera que tiver disponível.
Silva conta que já há um protótipo do programa, mas que ainda faltam dois anos para o projeto ser concluído. “Nosso diferencial é a aplicação dessa tecnologia em áreas além do entretenimento, na qual ele é comumente utilizado”, comenta. “Mas isso não impede que, futuramente, também nos direcionemos para esse campo.”
Isabela Fraga
Ciência Hoje/RJ
Texto originalmente publicado na CH 276 (novembro/2010)