Pesquisa desenvolvida na Univali pretende identificar os principais ruídos presentes no estuário do rio Itajaí-Açu e avaliar possíveis mudanças que esses sons possam provocar no comportamento dos botos da espécie Tursiops truncatus (foto: arquivo do programa Botos do Itajaí).

Os ruídos provocados pelo tráfego de embarcações podem alterar significativamente a vida dos organismos aquáticos. Essa afirmação, comprovada por estudos anteriores, desafiou a estudante de ciências biológicas Anna Karoline Andrade a fazer a inédita caracterização da paisagem acústica do estuário do rio Itajaí-Açu, em seu trabalho de conclusão de curso na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina. Andrade busca compreender como os sons produzidos pelas embarcações podem afetar o comportamento de um simpático animal que habita a região: o boto.

O estudo, orientado pelo biólogo André Barreto, pretende identificar os principais ruídos do ambiente e avaliar possíveis mudanças que estes possam provocar no comportamento dos botos da espécie Tursiops truncatus. “O que temos observado mais frequentemente é que eles se afastam do local durante a passagem de embarcações”, diz Andrade, acrescentando que a área é muito utilizada para a alimentação desses animais.

Em diversos locais do mundo tem-se verificado a ocorrência de alterações na vocalização dos botos e outras espécies de cetáceos na presença de ruídos intensos. Em saídas de campo mensais, a estudante utiliza um hidrofone para gravar os sons provenientes das embarcações e dos animais em sete pontos do estuário. Ela pretende comparar a frequência dos sons produzidos pelos botos do rio Itajaí-Açu com sons da mesma espécie já descritos na literatura científica.

Andrade é voluntária de iniciação científica do programa Botos do Itajaí, que realiza o monitoramento dos botos na região da foz do rio Itajaí-Açu, onde se localiza o porto de Itajaí. Ela ressalta que a vocalização é muito importante para os mamíferos aquáticos, que utilizam os sons para a localização de presas e para se comunicarem. “Com os ruídos das embarcações, eles podem ficar desorientados e, se o barulho for muito intenso, podem até sofrer danos fisiológicos, como perdas na audição”, afirma.

Tatiane Leal
Ciência Hoje / RJ

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