As plantações de batata (Solanum tuberosum) se tornarão mais resistentes ao ataque de bactérias graças a uma ‘vacina’ criada a partir de um microrganismo que ataca cultivos cítricos. Desenvolvida por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), em Porte Alegre, a técnica garante, com apenas uma aplicação, uma proteção de 80% por 70 dias contra uma das principais pragas da batata, a bactéria Erwinia carotovora.

Plantas de batata permaneceram saudáveis por 70 dias após aplicação da ‘vacina’ feita com a bactéria Xanthomonas axonopodis (foto: Laboratório de Biotecnologia Vegetal/PUC-RS).

“Em contraste, o produto comercial disponível no mercado ofereceu proteção por 15 dias nos experimentos de comparação”, conta o biólogo Leandro Vieira Astarita, coordenador do Laboratório de Biotecnologia Vegetal da PUC-RS.

A pesquisa começou há três anos com o objetivo de identificar indutores do metabolismo secundário, as mudanças que a planta sofre em resposta aos estímulos ambientais, em especial aquelas relacionadas à proteção contra pragas. Após testar quatro bactérias, o grupo chegou à Xanthomonas axonopodis, que ataca frutas cítricas.

“Ao borrifarmos esse microrganismo inerte na folha da batata, induzimos uma resposta local que depois se torna sistêmica. Como o sistema imune da planta não tem memória como o humano, a reação é ampla e defende contra vários agressores, não só contra a E. carotovora”, explica Astarita.

Além disso, o biólogo acrescenta que o tratamento não é tóxico e não altera as taxas de crescimento do vegetal. “De fato, as plantas tratadas ficaram mais belas que as que não receberam a vacina”, informa.

A técnica já foi patenteada e agora espera uma parceria para ser produzida, o que pode ocorrer no ano que vem. Segundo Astarita, a produção em escala industrial seria barata e simples. “Enquanto isso, trabalhamos para ajustar a dose do tratamento de maneira a cobrir o ciclo de 100 dias do cultivo da batata e testar se há efeito protetor contra fungos”, conclui.

Fred Furtado
Ciência Hoje/RJ

 

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