Um verniz dentário que libera xilitol pode ser a nova arma contra cáries e infecções de vias aéreas superiores. Pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo (FOB/USP), criaram o produto a partir do xilitol, um tipo de açúcar encontrado em algumas frutas, como morango e amora, e que impede o crescimento de bactérias da cavidade bucal.
No verniz dentário com xilitol, essa substância é liberada aos poucos, de forma que sua ação antibacteriana seja mantida constante.
“O xilitol, por ser um açúcar não-fermentável, não consegue ser metabolizado pelas bactérias, prejudicando seu crescimento e sua virulência”, explica a fonoaudióloga Agnes de Fátima Faustino Pereira, autora de uma tese de mestrado sobre as propriedades do açúcar em relação a ouvidos e dentes.
A substância já é usada em chicletes anticáries. No entanto, para fazer efeito, devem ser mascados cinco chicletes por dia durante 15 minutos, o que inviabiliza sua utilização terapêutica. Pereira afirma que no verniz dentário, ao contrário das gomas de mascar, o xilitol é liberado aos poucos e sua ação antibacteriana consegue ser mantida. “O verniz com 10% de xilitol foi o que liberou, nos testes em laboratório, maiores concentrações do açúcar em períodos de tempo mais longos (por até 72 horas após a aplicação)”.
Segundo a fonoaudióloga, o uso do xilitol como alternativa de prevenção contra bactérias causadoras de cárie dentária e de infecções respiratórias possibilitará a redução de gastos do governo com tratamentos dentários e antibióticos. Antes de ser comercializado, o verniz deve passar por estudos clínicos para comprovação de sua eficácia em humanos. O produto está em processo de patenteação pela USP, mas Pereira ressalta que o objetivo é disponibilizá-lo para a população.
A Redação
Ciência Hoje/RJ