Nem todo concreto é igual. Para a indústria da construção, o material ideal é aquele que equilibra alta resistência e baixo custo. Recentemente um trio de estudantes de engenharia civil da Universidade Federal do Paraná (UFPR) conseguiu dosar na medida certa essas características em uma fórmula inédita que, além de tudo, é ambientalmente correta.
A equipe, orientada pelo engenheiro Marcelo Medeiros, ficou em primeiro lugar na última edição do concurso de concreto colorido ecoeficiente, realizado pela Indústria Brasileira do Concreto no fim de 2012 em Maceió.
O nome da competição revela outro aspecto que desafiou os alunos: incorporar à fórmula do material pigmentos, que geralmente diminuem sua resistência. Mas a maior dificuldade enfrentada pelos estudantes foi reduzir a quantidade de aglomerantes usados na composição do produto.
Em experimentos anteriores, realizados para outras edições do concurso, o grupo havia produzido um tipo de concreto altamente resistente, porém com até 500 kg de aglomerantes por metro cúbico do material final. “Desta vez, tivemos de reduzir para 300 kg/m³”, conta Aline Ferreira, líder da equipe.
A restrição, estabelecida em regulamento, foi criada para tornar o produto mais próximo da realidade de mercado – substâncias aglomerantes, como o cimento, embora tornem o concreto mais resistente, são caras e poluentes.
Para o concurso, foram produzidos dois corpos de prova – peças cilíndricas de 10 cm de altura por 5 cm de diâmetro. O de cor amarela apresentou 171 Megapascal (MPa) de resistência à compressão, enquanto o vermelho, 164 MPa.
Para se ter uma ideia, o mínimo exigido pelos organizadores da competição era 25 MPa – média usada na indústria de construção civil. Entre outros critérios levados em conta pelos avaliadores estavam a ausência de bolhas de ar e a homogeneidade da coloração.
Segundo a estudante da UFPR, a produção do material vencedor ainda teria custo muito elevado se comparado ao concreto em uso em construções, mas pode indicar uma tendência a ser seguida futuramente pela indústria.
Célio Yano
Ciência Hoje/ PR