Sim, é verdade. O grupo dos peixes com pulmão foi muito diversificado no passado evolutivo, mas atualmente existem apenas seis espécies, distribuídas pelo hemisfério Sul. Somente uma delas, a Lepidosiren paradoxa, vive nos rios brasileiros, nas bacias Amazônica e do Prata. Ela pertence à família Lepidosirenidae e tem o nome popular de pirambóia (em tupi, pirá significa peixe e mbóia, cobra). Das espécies restantes, quatro vivem na África (família Protopteridae) e uma na Austrália (família Ceratodontidae).
Os peixes pulmonados são verdadeiros ‘fósseis vivos’, exemplos de como se deu a evolução da respiração aquática para a aérea. Nos períodos de seca, eles são expostos à água com baixas concentrações de oxigênio ou a áreas nas quais os ambientes aquáticos praticamente secam.
Em sua adaptação a essas condições, houve uma expansão do trato digestivo, que funciona como um pulmão. Este contém numerosas paredes muito finas e ricamente vascularizadas, nas quais o sangue circula e captura o oxigênio do ar atmosférico. A respiração aérea é obrigatória, mas o peixe pulmonado também tem brânquias como os demais peixes e depende da água para sobreviver, pois é nela que caça e se reproduz. Em épocas de seca extrema, a pirambóia fica enterrada em áreas de lama, aguardando a próxima estação chuvosa.
José Sabino
Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação,
Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp)
e Superintendência de Ciência e Tecnologia do Estado do Mato Grosso do Sul