Perguntaenviada por Mary Batista, por correio eletrônico.
O fenômeno écausado principalmente pela eletrização dos materiais por atrito. O corpohumano é eletrizado pela fricção com roupas, tapetes, sofás etc. Já um carro,em outro exemplo, é eletrizado pelo atrito com a poeira e outras partículas doar.
Quando ummaterial eletrizado se aproxima de outro, ocorre uma rápida transferência deelétrons, já que as cargas tendem a se equilibrar. Se um desses objetos for amão de uma pessoa, essa corrente, a partir de determinada voltagem, é percebidacomo um rápido choque. Um choque desses pode alcançar centenas de volts, masnão causa danos à saúde por ter curta duração e baixa intensidade.
Uma dascondições para que o fenômeno aconteça é exatamente o clima seco. Nos diasúmidos, as gotículas de água – um condutor relativamente bom – suspensas no ardescarregam lentamente a carga elétrica acumulada nos materiais, inclusive nocorpo (o corpo, com muita água em sua composição, só fica carregado se ocalçado for excelente isolante).
No temposeco, porém, a carga elétrica fica retida e, sem ter para onde ir, é descarregadaquando há contato ou proximidade com um objeto condutor, como o corpo humano. Aintensidade do choque depende de vários fatores, entre eles os materiais de quesão feitas as roupas e os calçados. Algumas roupas de materiais sintéticos ealguns tipos de lã ganham ou perdem cargas elétricas com maior facilidade.
Esseschoques atingem tanto turistas quanto nativos. O que pode acontecer é que, emrazão da grande frequência, os habitantes de certas regiões mais secas adotem,mesmo inconscientemente, hábitos que reduzem a eletrização, como usar certostipos de tecidos e calçados.
Além disso,os nativos podem simplesmente não relatar o fenômeno, em geral de baixaintensidade, ou já estar habituados a ele, por fazer parte de seu dia a dia. Noentanto, para confirmar essas hipóteses, seriam necessários estudos específicos.
AndréMassafferri
Coordenaçãode Física de Partículas Experimental de Altas Energias
CentroBrasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF)
Texto originalmente publicado na CH 311 (janeiro-fevereirode 2014).