Ainda não existem no Brasil estatísticas precisas sobre a quantidade de pessoas que sofrem de fobia social, transtorno de ansiedade caracterizado pelo medo acentuado e persistente de ser humilhado, julgado ou criticado em situações sociais ou por seu desempenho em alguma atividade. Para viabilizar esse tipo de pesquisa, a psiquiatra Liliane Vilete, em seu mestrado realizado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), adaptou à realidade brasileira o Inventário de Fobia Social (Spin, na sigla em inglês), instrumento utilizado nos países de língua inglesa para avaliar a freqüência do distúrbio na população.
Um olhar geral
Para a adaptação, o Spin foi inicialmente traduzido para o português de forma independente por dois psiquiatras. Em seguida, dois tradutores que não conheciam o teste converteram-no novamente para o inglês. Os pesquisadores, então, compararam as versões com o Spin original para corrigir discrepâncias e elaborar um texto final de consenso. Optou-se, ainda, por utilizar um vocabulário coloquial, com expressões familiares à população-alvo do estudo. Um pré-teste foi realizado para avaliar a compreensão do instrumento por adolescentes de escolas da rede pública do Rio de Janeiro e fazer as correções necessárias.
Outro passo a ser dado é determinar, na pontuação total, o limite entre as pessoas que sofrem ou não de fobia social. O resultado, no entanto, não pode ser interpretado como um diagnóstico médico individual. “Como existe margem de erro, esse instrumento só é eficaz para avaliar massas”, adverte Coutinho. “As pessoas que suspeitam apresentar fobia social devem procurar um psiquiatra para uma entrevista mais precisa e detalhada.”
Catarina Chagas
Ciência Hoje/RJ