Orientados por paleontólogos, mergulhadores resgataram fósseis de 14 espécies diferentes de animais submersos na caverna do poço Azul, na chapada Diamantina (BA). (fotos: Daniel Carneira / Grifa Mixer)
À esquerda, a mão direita da maior espécie de preguiça terrícola já encontrada ( Eremotherium laurillardi ). À direita, tíbia, vértebra, úmero e outros fósseis de outra espécie de preguiça terrícola, do gênero Scelidotheriinae .
Nova descrição
Entre os fósseis coletados, chama a atenção o esqueleto quase completo da maior das preguiças terrícolas, extinta há cerca de 11 mil anos. O exemplar encontrado, provavelmente uma fêmea jovem, media cerca de 4,5 m.
Uma explicação para a concentração desses fósseis no poço Azul é que os animais tenham sido carregados por enchentes ou rios até a caverna. O geólogo Ivo Karmann, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo, explica que a caverna do poço Azul é uma formação de rocha calcária por onde passam rios subterrâneos (chamados condutos) e que se comunica com a superfície em uma área de depressão chamada dolina, formando uma espécie de funil. “Os animais que caem nessa depressão são jogados diretamente para dentro do poço na caverna”, completa. Segundo Karmann, a presença de preguiças terrícolas indica que o clima na região era úmido há 11 mil anos, com as estações seca e chuvosa bem definidas.
O esqueleto da preguiça gigante retirado do poço Azul será estudado no Museu de Ciências Naturais da PUC-Minas e, depois de preparado tecnicamente, retornará à chapada Diamantina, seu local de origem. “A idéia é construir um centro de exposições para abrigar o animal”, conta Túlio Schargel. O resgate dos fósseis fará parte do documentário ‘O Brasil da Pré-história – expedição preguiça gigante’, patrocinado pela Petrobrás e co-produzido pelas empresas Grifa Mixer e Gedeon Programmes. O filme deve ser comercializado para emissoras de TV e tem lançamento previsto para março de 2006.
Thaís Fernandes