Nos humanos, o ato de sonhar tem sido associado a movimentos rápidos dos olhos, relaxamento muscular nas pernas, braços, cabeça e pescoço e ondas rápidas e de baixa amplitude registradas no eletroencefalograma. Esses sinais compõem o chamado ‘sono paradoxal’, também conhecido como sono REM (do inglês, rapid eye movement ) ou sono MOR (do português, movimentos oculares rápidos). O sonho é também uma manifestação da nossa atividade consciente, em que aparecem temas do nosso cotidiano ao lado de conteúdos fantásticos.
Se entendermos o ato de sonhar como o conjunto de sinais que refletem a atividade do sistema nervoso e de alguns músculos, a resposta é sim, o cachorro sonha. Se, por outro lado, entendermos o sonho como um evento no plano da consciência – fenômeno tipicamente humano –, o cachorro não sonha. Prefiro essa segunda definição de sonho, o que me leva a dizer que, embora o cachorro exiba movimentos (de olhos, bigodes) e atividade elétrica cortical (eletroencefalograma) semelhantes aos do ser humano, não podemos chamar esse fenômeno de sonho.
Luiz Menna-Barreto
Escola de Artes, Ciências e Humanidades,
Universidade de São Paulo