Algumas roupas encolhem, na lavagem e na secagem, porque durante esses processos as fibras e os fios do tecido tendem a retornar à conformação que assumiram quando o fio ou o tecido foram fabricados.
As fibras de algodão contêm principalmente celulose, polímero orgânico formado por longas cadeias de moléculas de glicose. Parte dessas cadeias organiza-se de maneira ordenada e parte de modo irregular, e essa dupla conformação confere às fibras tanto elasticidade quanto resistência.
Na formação do fio, as fibras são dispostas em paralelo e torcidas, gerando uma estrutura espacial que dá ao material uma ‘memória física’. Em seguida, na fabricação do tecido de algodão, os fios são tensionados, seja em tecidos do tipo malha (com fios entrelaçados) ou do tipo plano (com cruzamento perpendicular dos fios). Quando a roupa é confeccionada, o tecido é cortado e sua estrutura física original é alterada.
O uso diário da roupa também tensiona o tecido, modificando a conformação interna. Ao ser lavada e seca, a roupa encolhe devido ao retorno à memória física original, ou seja, as fibras e os fios se reposicionam para atingir novamente a conformação de equilíbrio.
Uma maneira de minimizar esse problema é pré-encolher o tecido na fábrica, o que pode ser feito com máquinas que, por meio da aplicação de temperatura e tensão controladas, conferem uma nova memória física ao tecido. Assim, o encolhimento posterior será menor.
Leonardo Garcia Teixeira Mendes
Coordenação de Engenharia,
Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Cetiqt),
Faculdade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)