Um modelo inédito de aeronave acaba de ser lançado no Brasil. O CEA 309 Mehari, desenvolvido no Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é o primeiro avião com capacidade para fazer acrobacias aéreas na chamada categoria ilimitada, a mais elevada e radical nas competições acrobáticas internacionais.

Segundo o coordenador geral do projeto, Paulo Iscold, o Mehari pode desenvolver as manobras complexas exigidas em campeonatos mundiais, como piruetas e rasantes. “O eixo da aeronave atinge uma rotação de 420 graus”, diz. Além disso, o avião pode chegar à velocidade de 450 km/h e alcançar uma aceleração de até 11 vezes a da gravidade. “São características compatíveis com as de modelos estrangeiros que participam de competições”, completa Iscold, do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG.

“O eixo da aeronave atinge uma rotação de 420 graus”

O avião ainda tem a vantagem de um custo de operação menor. Em geral, as aeronaves da categoria ilimitada utilizam um motor de seis cilindros. O Mehari, entretanto, tem quatro cilindros.

Outro diferencial é o uso de materiais alternativos na estrutura do protótipo. Além da tradicional fibra de carbono, foi empregado aço com liga de cromo-molibdênio e madeira freijó. O desempenho da aeronave não foi prejudicado, mas os ganhos com a redução de custos chegam a quase 70%.

O projeto começou a ser desenvolvido em 2002 e, desde então, contou com a participação de mais de 30 estudantes. “Os alunos desenvolveram cálculos e participaram da fabricação até chegar ao produto final”, conta Iscold.

O Mehari, assim batizado em alusão a um camelo africano muito veloz e resistente, foi orçado em cerca de US$ 300 mil. A construção do protótipo foi patrocinada pelo empresário e piloto brasileiro Marcos Geraldi e recebeu contribuições financeiras de empresas nacionais, norte-americanas e alemãs. A expectativa é que a aeronave possa, em breve, ingressar em competições aéreas internacionais. “Precisamos apenas de patrocínio”, finaliza.

Júlia Faria
Ciência Hoje/RJ

Texto publicado na CH 267 (janeiro-fevereiro/2009)

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