A integridade dos recifes de Maracajaú, no litoral do Rio Grande do Norte, vem sendo ameaçada por atividades humanas, preocupando oceanógrafos, ecólogos, biólogos e outros defensores da natureza. Os principais fatores responsáveis pelo desequilíbrio ecológico observado naquele complexo recifal são a crescente ocupação do litoral, a pesca predatória e a exploração turística.

Nos recifes de Maracajaú (RN), colônias do coral Sideratrea stellata dividem espaço com a alga verde Caulerpa racemosa (foto: Sandra Magalhães)

Conhecida localmente como ‘parrachos’, a área de recifes de Maracajaú está localizada no litoral do município de Maxaranguape (RN). Tais recifes integram a Área de Preservação Ambiental dos Recifes de Corais (Aparc), unidade de conservação criada em junho de 2001. Essa unidade abrange a faixa costeira e a plataforma marítima rasa que se estende diante dos municípios de Maxaranguape, Rio do Fogo e Touros, totalizando cerca de 32,5 mil hectares de área protegida.

Distantes 7 km da costa, os parrachos de Maracajaú ocupam uma área de 9 km de comprimento por 2 km de largura e apresentam, na maré baixa, piscinas rasas de águas límpidas e mornas durante a maior parte do ano. Esse ecossistema é formado por diferentes tipos de ambientes de fundo: em algumas áreas, o fundo é arenoso e, em outras, recoberto por gramas marinhas ou algas calcárias (compostas basicamente por carbonato de cálcio).

Os recifes de Maracajaú são estruturas calcárias constituídas, principalmente, por arenito, corais e algas calcárias incrustantes que crescem verticalmente até uma altura de 3 m. Esses recifes têm densidade variada: em alguns pontos estão fundidos uns aos outros, como na parte sudeste dos parrachos, e em outros podem surgir bem espaçados sobre o fundo arenoso, como na parte mais a oeste.

As superfícies dos recifes são normalmente cobertas por deposição de material calcário, tapetes de algas e algumas espécies de corais, cuja principal espécie é Siderastrea stellata. Esses ambientes são importantes para as populações litorâneas de pescadores artesanais, que obtêm ali recursos para sua subsistência ou para comercialização em pequena escala.

No entanto, as atividades humanas, como, por exemplo, ocupação da costa, pesca predatória e exploração turística, vêm degradando a área. O turismo é intenso na área: nas marés baixas, lanchas rápidas levam centenas de visitantes a estruturas flutuantes instaladas no local para a prática do mergulho livre e autônomo.

A presença humana nos parrachos de Maracajaú causa impactos indesejáveis, como o pisoteamento dos recifes, prejudicial aos organismos que o habitam, a quebra dos corais pelo impacto das âncoras e a retirada de pedaços destes para comercialização ou como lembrança. Além disso, a poluição decorrente do despejo acidental de combustível e de óleo de motores também tem contribuído para a degradação. Enquanto o turismo intensivo compromete a saúde dos corais, a pesca predatória modifica a relação entre as espécies, gerando um desequilíbrio ecológico na área recifal.

Eliane Marinho Soriano,
Ingrid Balesteros Silva
e
Estevão O. Vieira Martins,
Departamento de Oceanografia e Limnologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),
e Ricardo Farias do Amaral,
Departamento de Geologia / UFRN.

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