Uma árvore abundante na baixada maranhense, região de campos inundáveis com cerca de 17,5 mil km2 situada no norte do Maranhão, pode ajudar a desenvolver uma atividade que, além de significar uma fonte de renda alternativa para a população rural, apresenta benefícios ecológicos.
Conhecida na região como ‘criuli’, essa árvore (Mouriri acutiflora), de copa densa e com até 20 m de altura, é uma das principais fontes de pólen e óleo floral para as abelhas, em especial para a tiúba (Melipona fasciculata), espécie sem ferrão cuja criação é uma prática antiga entre os agricultores familiares da região.
A baixada maranhense é uma região carente, que sobrevive principalmente da pesca artesanal e da produção agrícola em pequena escala (as principais culturas são melancia, mandioca e arroz).
Alguns produtores rurais mantêm pequenas criações de gado bovino e o pastoreio de búfalos também é praticado tradicionalmente na região, em especial nas áreas inundáveis, preferidas por esses animais. Os búfalos consomem espécies da flora aquática e semi-aquática, que também fornecem alimento para as abelhas da região.
- A árvore criuli (‘Mouriri ocutiflora’) precisa ser preservada, por ser importante fonte de pólen e óleo floral para as abelhas. (foto: Fabiana S. Oliveira)
Nos últimos anos, porém, uma alternativa de sustentabilidade começou a se difundir entre a população regional: o manejo de abelhas sem ferrão. A criação rústica da tiúba, abelha comum em todo o Maranhão, é realizada desde tempos antigos na região da baixada. Nesse tipo de criação, as colmeias são mantidas em troncos, e passam de pais para filhos, o que mantém na família a prática da criação.
Aos poucos, no entanto, disseminaram-se entre os moradores da região conhecimentos adequados sobre o manejo dessas abelhas e sobre a construção de meliponários (coleção de abelhas sem ferrão em caixas adequadas para o manejo), tornando a baixada maranhense a principal área de criação de abelhas sem ferrão no estado.
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Marcia Maria Corrêa Rego
Patrícia Maia Correia de Albuquerque
Fabiana Oliveira dos Santos
Laboratório de Estudos sobre Abelhas (LEA)
Departamento de Biologia, Universidade Federal do Maranhão