Entre os marsupiais da região neotropical, o gambá ( Didelphis aurita ) é o mais conhecido dos brasileiros

(foto: Maja Kajin)

Os marsupiais que vivem na mata atlântica, como o gambá, as cuícas e as catitas, diferem entre si na aparência, no tamanho e no uso das diferentes ‘camadas’ da mata (chão, sub-bosque e copas). Observações informais do comportamento de algumas espécies feitas em pesquisas de campo levaram a descobertas sobre a ecologia dessas espécies, contribuindo para o desenvolvimento de futuros estudos e para a preservação da mata atlântica.
 
No Brasil, ao perguntarmos a alguém o que sabe sobre marsupiais, a resposta normalmente está relacionada aos cangurus, e portanto à Austrália. Poucas pessoas sabem que em nosso país existem em torno de 46 espécies desse grupo, distribuídas nos diferentes biomas terrestres nacionais. Somente na mata atlântica podem ser encontradas 23 espécies de marsupiais, em função da complexa e heterogênea estrutura desse bioma, que apresenta grande diversidade de micro-hábitats, ou seja, áreas com características físicas e biológicas particulares.
 
As espécies de marsupiais são importantes na dinâmica das comunidades da mata atlântica. Alguns desses animais, como o gambá ( Didelphis aurita ), a cuíca-lanosa ( Caluromys philander ) e a cuíca Micoureus travassosi , são eficientes dispersores de sementes. Outros, entre eles o gambá, podem atuar como controladores das populações de roedores silvestres.
 
Mas o que é um marsupial? A principal característica que diferencia esse grupo dos mamíferos placentários (como o homem) é a gestação, que dura apenas alguns dias porque uma placenta verdadeira não é formada. Os filhotes nascem em um estágio precoce de formação e completam seu desenvolvimento em uma bolsa (denominada ‘marsúpio’) ou em pregas de pele que a fêmea tem no ventre. Existem diferenças também em aspectos fisiológicos, morfológicos, ecológicos e evolutivos.
 

A cuíca-cinza-de-quatro-olhos ( Philander frenatus ) revelou-se a espécie mais agressiva entre as sete observadas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (foto: Ricardo Finotti)

Estudos comportamentais feitos no campo são em geral demorados, porque dependem da localização e do acompanhamento do animal durante suas atividades, sem que o observador interfira em sua rotina. As dificuldades aumentam se a espécie estudada é pequena, noturna e vive nas árvores, como a maioria dos marsupiais.

 
A técnica de captura-marcação-recaptura, usada com pequenos mamíferos, mostrou-se uma alternativa para observações comportamentais de marsupiais. Ela consiste em capturar os animais com armadilhas no chão e na copa das árvores, marcá-los com brincos de identificação e soltá-los. Essa técnica é empregada pela equipe do Laboratório de Vertebrados da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que monitora, desde 1996, as populações de sete espécies de marsupiais em uma área do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no município de Guapimirim (RJ).

Ana Cláudia Delciellos,
Diogo Loretto
e
Vanina Zini Antunes
Laboratório de Vertebrados
Universidade Federal do Rio de Janeiro

 

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