Fêmea da abelha solitária Centris flavifrons
cavando o solo para construir seu ninho

A maioria das espécies de abelhas é solitária, isto é, não vive em colméias e não produz mel. Estima-se que existam no mundo entre 20 mil e 30 mil espécies de abelhas, sendo que 6 mil ocorrem no Brasil e, destas, 5 mil são solitárias. Nessas espécies, uma única fêmea constrói o ‘ninho’, o abastece com provisões e deposita ali os ovos. A fêmea fundadora (mãe) morre antes das crias nascerem, o que impede o contato entre as gerações, uma das características que definem a sociabilidade.

A polinização é o papel ecológico mais importante desempenhado pelas abelhas. Ao transportar o pólen de uma flor para outra, elas garantem a variabilidade genética das plantas e a formação de bons frutos. Um bom exemplo disso é a produção dos frutos do murici, uma espécie frutífera encontrada em estado nativo no cerrado, na caatinga, em florestas e em dunas e restingas.

Já cultivado em algumas áreas do país, o muricizeiro ( Byrsonima crassifolia ), da família Malpighiaceae, ocorre em forma de árvore ou arbusto. Seu fruto, o ‘murici’, de sabor levemente ácido e rico em vitamina C, é muito consumido nas regiões Norte e Nordeste, ao natural ou transformado em doces, sucos e sorvetes. Algumas espécies de malpiguiáceas são largamente cultivadas, como a acerola ( Malpighia glabra ), originária do México e da região do Caribe, de onde foi introduzida no Brasil.

Fêmea da abelha solitária Centris flavifrons
cavando o solo para construir seu ninho

As flores do muricizeiro também são ‘deliciosas’… para as abelhas que as visitam. Uma grande diversidade de abelhas é observada nas inflorescências dessa planta, mas as espécies pertencentes às tribos Centridini e Tapinotaspidini destacam-se como suas principais polinizadoras. Tais abelhas têm especializações (em seu comportamento e em estruturas morfológicas) para a visita a determinados tipos de flores, entre elas as do muricizeiro, da qual extraem pólen e óleo (este produzido em glândulas situadas nos cálices florais).

As flores do muricizeiro, vistosas e dispostas em ramos, formam lindas inflorescências. As corolas são amarelas, quando as flores ainda são novas, mas sua coloração torna-se laranja e depois vermelha, à medida que as flores envelhecem. Essa variação na cor funciona como um sinal para as abelhas: indicam quais são as flores ‘jovens’, que ‘precisam ser visitadas’ e, com isso, polinizadas.

 

Márcia Rego e Patrícia Albuquerque
Laboratório de Estudos sobre Abelhas (LEA),
Departamento de Biologia,
Universidade Federal do Maranhão

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