O gaivotão é uma ave marinha de grande importância ecológica, bastante comum no litoral sul do Brasil. A reprodução dessa espécie, porém, ainda não tinha sido estudada em detalhe no país. A construção de ninhos, o cortejo, a cópula, a postura e o cuidado com ovos e filhotes foram observados em estudo realizado em 2006 na ilha Deserta, no litoral de Santa Catarina. O período de reprodução foi o mais longo já registrado para a espécie e o sucesso reprodutivo foi relativamente baixo, indicando a existência de um equilíbrio populacional.

Filhote de gaivotão com quatro semanas de vida, já em muda para a plumagem de juvenil (foto: Raissa I. Carvalho).

As aves da família Laridae, que reúne gaivotas e trinta-réis, caracterizam-se pelas asas longas, pela semelhança entre os sexos e pela vida no ambiente marinho, para o qual estão completamente adaptadas: têm até glândulas especiais para eliminar o sal ingerido com a água do mar.

Quem visita a costa do Brasil, nas regiões Sul ou Sudeste, provavelmente já viu um dos representantes dessa família, o gaivotão (Larus dominicanus). Com sua beleza e seus sonoros gritos, essa ave impressiona e inspira muitas pessoas. É difícil imaginar uma paisagem costeira dessas regiões sem um grupo dessas aves.

O gaivotão é a maior das três espécies de gaivota que ocorrem no Brasil, sendo encontrado desde o Rio Grande do Sul até o Espírito Santo, estado que, com suas águas quentes e clima tropical, marca o limite norte de ocorrência e reprodução dessa ave na costa leste da América do Sul.

A área de reprodução do gaivotão é uma das mais amplas registradas para uma ave marinha, circundando todo o planeta em uma larga faixa ao sul do hemisfério Sul. No entanto, embora sua reprodução já tenha sido estudada em outras partes do mundo, muitos aspectos dessa etapa de seu ciclo de vida não eram conhecidos no Brasil.

Como ocorre a reprodução do gaivotão em terras brasileiras? Essa foi a pergunta que o trabalho desenvolvido por duas pesquisadoras do curso de Oceanologia na Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg) se propôs a responder. A pesquisa foi realizada em Santa Catarina e exigiu quatro meses de isolamento em uma ilha não por acaso chamada de Deserta: não tem água doce ou qualquer sombra, e poucos outros animais vivem ali, além dos gaivotões.

A ilha Deserta é uma das maiores colônias reprodutivas do gaivotão no Brasil. Faz parte da Reserva Biológica Marinha do Arvoredo, que protege também as águas de diversos municípios do litoral catarinense, as ilhas do Arvoredo e das Galés e o Calhau de São Pedro (formado por duas ilhotas rochosas).

A iIha tem formato alongado (1.052 m por 175 m) e relevo irregular, com altitude máxima de 60 m. A vegetação local é formada por arbustos e plantas rasteiras, com destaque para o gravatá (Dyckia encholirioides), uma bromeliácea que tem fortes espinhos em suas folhas e que recobre boa parte da ilha.

Lia Jacobsen Prellvitz,
Raissa Iris de Carvalho
e Carolus Maria Vooren,
Fundação Universidade Federal do Rio Grande 

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