Pergunta enviada por Ernesto Vianna, por correio eletrônico
Esta é uma reação instintiva para protegermos nossa audição. A cóclea (parte interna do ouvido) tem uma membrana que vibra de acordo com as frequências sonoras que ali chegam.
A parte mais próxima ao exterior está ligada à audição de sons agudos; a região mediana é responsável pela audição de sons de frequência média; e a porção mais final, por sons graves.
As células que compõem a parte inicial são mais delicadas e frágeis – razão por que, ao envelhecermos, perdemos a capacidade de ouvir sons agudos. Assim, quando frequências muito agudas chegam a essa parte da membrana, as células podem ser danificadas, pois, quanto mais alta a frequência, mais energia tem seu movimento ondulatório.
Isso, em parte, explica nossa aversão a determinados sons agudos, mas não a todos. Afinal, geralmente não sentimos calafrios ou uma sensação ruim ao ouvirmos uma música com notas agudas.
Aí podemos acrescentar outro fator. Uma nota de violão tem um número limitado e pequeno de frequências – formando um som mais ‘limpo’. Já no espectro de som proveniente de unhas arranhando um quadro-negro – ou do atrito entre isopores ou entre duas bexigas de ar –, há um número infinito delas.
Assim, as células vibram de acordo com muitas frequências e aquelas presentes na parte inicial da cóclea, por serem mais frágeis, são lesadas com maior facilidade. Daí a sensação de aversão a esses sons agudos e ‘crus’.
Ronald Ranvaud
Departamento de Fisiologia e Biofísica
Universidade de São Paulo
Texto originalmente publicado na CH 282 (junho de 2011).