O hábito de cortar folhas faz com que algumas espécies dos gêneros Atta e Acromyrmex prejudiquem setores da agricultura, entre eles as culturas de eucalipto, laranja e cana-de-açúcar. No entanto, apenas poucas espécies, adaptadas a hábitats simplificados e a certas práticas agriculturais, causam danos significativos às plantas cultivadas. O método mais comumente empregado para combater essas formigas tem sido o uso indiscriminado de iscas tóxicas, sem levar em conta a espécie ou o nível dos danos. Com isso, podem ser prejudicadas muitas formigas que não são pragas agrícolas, e até outros organismos.
Acreditou-se por muito tempo que Atta robusta – popularmente chamada de saúva-preta – estivesse restrita ao litoral do estado do Rio de Janeiro. Recentemente, a espécie foi encontrada também no litoral norte do Espírito Santo, mais precisamente em ambiente de restinga. Mas sua situação não melhora muito, visto que a vegetação nessa nova aérea de ocorrência está fortemente ameaçada. Seus ninhos são muitos superficiais, em comparação com os de outras espécies do gênero, o que torna A. robusta mais vulnerável, e a densidade populacional da espécie é baixa nas áreas estudadas.
Como algumas espécies de formigas-cortadeiras representam pragas importantes para a agricultura, as medidas para sua preservação esbarram em problemas éticos e incompreensões por parte da sociedade. Isso ocorre porque não é fácil convencer as pessoas da importância do papel ecológico dessas espécies. Elas não trazem só prejuízos, pois também são responsáveis por benefícios como a aeração do solo e a dispersão de sementes, e ainda servem como alimento para outros animais. Segundo o entomólogo Harold Fowler, da Universidade Estadual Paulista em Rio Claro (SP), A. robusta é uma espécie-chave em seu ambiente, onde centenas de plantas e animais dependem dela para sua existência. Portanto, sua extinção levaria a uma redução significativa na biodiversidade local. Essa importância permite que a presença da espécie possa ser usada como um indicador da integridade do hábitat.
Danival José de Souza (doutorando),
Instituto de Pesquisa sobre a Biologia de Insetos,
Faculdade de Ciências e Técnicas,
Universidade François Rabelais (Tours, França).