Protótipo de um veículo elétrico desenvolvido pela Itaipu Binacional. (Foto: Caio Coronel/ Itaipu Binacional)

Um Palio e um Panda – ambos da Fiat – movidos a energia elétrica já estão prontos para rodar. Os protótipos foram desenvolvidos no Brasil pela empresa Itaipu Binacional, com o objetivo de nacionalizar a tecnologia de produção de carros elétricos. Basta colocá-los na tomada por um período de oito horas para que eles estejam aptos a rodar aproximadamente 120 km. Os deslocamentos podem ser velozes, já que os veículos conseguem atingir uma velocidade de até 130 km por hora. O detalhe mais animador é que, para isso, gasta-se de quatro a cinco vezes menos do que se forem utilizados combustíveis convencionais, como o álcool ou a gasolina.

O motorista que experimentar dirigir os protótipos não deverá estranhá-los. “É muito simples guiá-los, pois as diferenças em relação aos carros tradicionais são mínimas”, explica o engenheiro elétrico Celso Novais, coordenador geral brasileiro do projeto Veículo Elétrico. “A principal distinção é que não existe partida. O veículo liga como se fosse acionado por um interruptor.” Segundo Novais, quando está parado – em um congestionamento, por exemplo –, o veículo não consome energia. “A bateria que o alimenta é totalmente reciclável e pode ser recarregada cerca de 1.500 vezes.”

O coordenador do projeto destaca o aspecto econômico como uma das grandes vantagens do carro elétrico, ao compará-lo com um veículo movido a gasolina. “Com um litro do combustível, é possível percorrer 15 km em média. No entanto, se o mesmo valor gasto com essa quantidade de gasolina for empregado na compra de energia elétrica, é possível rodar cerca de 40 km.” Além de enfatizar as vantagens econômicas, Novais salienta os incontestáveis benefícios ambientais. “O carro elétrico não faz barulho nem polui a atmosfera, já que não emite gás carbônico ou qualquer outra substância química.”

Convênio
O projeto teve início em fevereiro de 2006, a partir de um convênio firmado entre a Itaipu Binacional – a usina de maior potência instalada no mundo (14 mil megawatts), de origem brasileira e paraguaia – e a KWO, empresa suíça especializada na produção de energia hidrelétrica renovável. Segundo Novais, o objetivo é dominar a tecnologia – já explorada internacionalmente – e nacionalizar a produção. “Não estamos pensando na produção em escala, mas em pesquisa e desenvolvimento de componentes nacionais, para baratear custos”, afirma o engenheiro. Hoje, um protótipo como o do projeto Veículo Elétrico sai pelo dobro do preço de um carro convencional. Mas Novais acredita que isso deve mudar até o final do projeto, que tem duração prevista de cinco anos. “Nosso objetivo é projetar um veículo elétrico cujo preço seja ao menos igual ao de um veículo movido a gasolina.”

Os dois protótipos usam motor, bateria e inversor (componente que transforma corrente elétrica contínua em corrente alternada) importados. “A bateria e o motor são as peças mais caras”, conta Novais. O estágio atual do projeto consiste na nacionalização dos componentes, que serão desenvolvidos em uma montadora dentro da própria Itaipu e em seguida testados nos protótipos.

As linhas de pesquisa que estão sendo desenvolvidas na empresa vão desde a bateria e o motor empregados nos protótipos até estudos sobre modelos de farol. As metas são ousadas. Até o final do projeto, pretende-se criar um veículo que rode 450 km sem necessidade de recarga, seja capaz de atingir velocidade de até 150 km por hora e cuja recarga da bateria demore apenas 20 minutos.

Jaqueline Bartzen
Especial para Ciência Hoje /PR 

 

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