4.000.000.000.000. Ponha um ‘US’ e um cifrão na frente desse número (sem dúvida, astronômico). É o quanto devem custar, ao governo dos Estados Unidos, as guerras que vieram depois do dia em que o mundo mudou para sempre: 11/09/2001.
Apesar da quantidade de zeros, aquele é um número frio – afinal, é só dinheiro. O pior está neste: 225.000. Representa as mortes causadas pelos conflitos desde então – 31 mil deles de militares e civis norte-americanos. Cerca de 140 mil desse total são civis iraquianos e afegãos – como sempre, as maiores vítimas das guerras são civis que delas não participam.
No caso, as guerras são as três conhecidas: Afeganistão, Iraque e Paquistão, respostas militares dos EUA aos ataques terroristas de 10 anos atrás ao seu território. Em tempo: some aos números acima quase 8 milhões de refugiados nesses três países.
O governo dos EUA financiou a guerra. Até agora, pagou por esse empréstimo cerca de US$ 185 bilhões de juros – guerras são grandes negócios para bancos. Até 2020, esse montante pode chegar a US$ 1 trilhão.
Se os conflitos continuarem, o governo norte-americano terá, então, que, em nome do Pentágono, pedir a liberação aos seus políticos de outros US$ 450 bilhões lá por volta de 2020. Mas, mesmo que essas guerras terminem, suas consequências não param. Por exemplo, o tratamento de veteranos pode bater em outro US$ 1 trilhão.
Essas cifras estão no recente relatório da pesquisa ‘Custos da Guerra’, do Projeto de Pesquisa Eisenhower, da Universidade Brown (EUA). É tido como a primeira análise a incluir custos secretos dos conflitos.
O projeto – que se define como iniciativa apartidária, sem fins lucrativos, com sede no Instituto Watson para Estudos Internacionais – reúne equipe com cerca de 20 pessoas – entre elas, cientistas políticos, economistas, antropólogos, advogados militantes pelos direitos humanos. Seu objetivo é estudar a crescente militarização da sociedade, política e democracia dos EUA.
O nome da iniciativa é homenagem ao presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower (1890- 1969), que, em 17/01/61, fez discurso de 10 minutos, ao finalizar seu mandato. Nessa fala, alertava para a “influência injustificada” sobre a política dos EUA do complexo militar industrial, alertando que a única força capaz de contrabalançar a crescente demanda por segurança e defesa seria “uma coletividade alerta e informada”.
Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ