Fazer exercício físico melhora a memória? Parece intuitivo que sim, mas… Sem, ‘mas’. Veio a público um trabalho que, segundo os autores, é a primeira evidência de que a resposta é um rotundo ‘sim’, pelo menos para adultos maduros.
Na pesquisa, 138 adultos, com mais de 50 anos, que relataram algum problema de perda de memória (mas sem sinais de senilidade), foram divididos em dois grupos. No primeiro, os indivíduos foram orientados a praticar, em casa, pelo menos três sessões semanais de 50 minutos de exercícios moderados, sendo a caminhada o mais recomendado. Esse programa durou 24 semanas.
O segundo-grupo era praticamente sedentário, sendo que, na média, as atividades físicas não chegavam a 10 minutos de exercícios semanais. Por 18 meses, os dois grupos de pacientes foram submetidos a testes padronizados. Um deles, foi o ADA-cog, comumente empregado para quantificar as funções cognitivas.
Os pacientes que haviam sido submetidos ao programa de atividades físicas apresentaram, na média, desempenho superior no ADA-cog quando comparados a um grupo-controle, de sedentários. O grupo ativo também apresentou riscos mais baixos de desenvolver demência. Esses índices foram pequenos (0,69 no ADA-cog), mas classificados como “potencialmente importantes” pelos autores.
Os sinais de melhora permaneceram aparentes por seis meses e se mantiveram por cerca de 1,5 ano. Os resultados foram publicados no periódico Journal of the American Medical Association.
Os autores, liderados por Nicola Lautenschlager, da Universidade de Melbourne (Austrália), ressaltam que, nos casos de problemas leves de perda de memória, os medicamentos não mostraram efeito significativo em estudos que se estenderam por cerca de três anos. No artigo, os autores ressaltam que a atividade física, no entanto, tem efeitos colaterais benéficos, como aumento da capacidade cardiorrespiratória, prevenção da depressão, fortalecimento dos ossos, melhoria na coordenação motora.
Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje / RJ