Levantamento inédito de besouros

Detalhe da cabeça do buprestídeo mostrando suas mandíbulas bastante desenvolvidas, associadas ao seu hábito alimentar fitófago (foto: Marcia Franco).

Um estudo inédito sobre a coleção de besouros da família Buprestidae do acervo entomológico do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que 18 espécies de besouros da tribo Stigmoderini ocorrem em oito cidades do Rio de Janeiro. O autor da pesquisa, o aluno de ciências biológicas Clayton Portela de Souza, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) busca conhecer melhor a distribuição e a diversidade desses insetos na mata atlântica fluminense.

Os dados levantados pelo mapeamento dos besouros motivaram novas descrições e ilustrações, e ainda poderão contribuir para definir e confirmar as áreas de conservação e monitoramento ambiental do estado.

Souza estagiava no Laboratório de Entomologia da universidade quando o entomólogo José Ricardo Miras Mermudes, hoje seu orientador, mencionou a coleção de besouros buprestídeos do Museu Nacional.

“A coleção é referência internacional e estava em ótimo estado, mas não era objeto de nenhum estudo”, explica Souza. Interessado em seguir carreira como pesquisador, o estudante conseguiu uma bolsa de iniciação científica da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e começou a estudar a distribuição dos besouros buprestídeos na mata atlântica fluminense, fazendo consultas tanto ao acervo do Museu quanto à extensa bibliografia.

Assim, ele identificou 18 espécies no estado do Rio de Janeiro, espalhadas por Angra dos Reis, Itatiaia, Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Cachoeiras de Macacu, Petrópolis, Teresópolis e Arraial do Cabo.

O mapa mostra a distribuição das espécies da tribo Stigmoderini estudadas ao longo do estado do Rio de Janeiro e de seus remanescentes de mata atlântica (fonte: Clayton Portela de Souza).

Dados inespecíficos
Conhecidos pelas suas cores metálicas exuberantes – que indicam a presença de buprestins, substâncias químicas de sabor desagradável –, os besouros dessa família se abrigam nos troncos de árvores em seu estado larval. Lá constroem uma rede de galerias que torna oco o tronco da planta. Souza conta que até então os dados existentes eram muito inespecíficos.

“Com informações mais precisas, é possível confirmar as áreas de conservação e, inclusive, evitar prejuízos às plantações, etapa que envolveria outros estudos, como, por exemplo, manejo integrado de pragas”, ressalta.

No segundo ano da pesquisa, o estudante pretende abordar toda a mata atlântica brasileira. “Vamos consultar o acervo de outros museus e, possivelmente, fazer coletas de campo em áreas até então pouco pesquisadas”, revela. 

Marcella Huche
Ciência Hoje / RJ  

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