Perunta enviada por Emanuel Artiaga de Santiago da Silva, por correio eletrônico.
O nome do Brasil foi e continua sendo objeto de muitas discussões. Referências, em mapas, a uma ilha chamada Brasil – em que a denominação aparece com muitas variantes – remontam à Idade Média. Quando os portugueses chegaram à costa sul-americana, em 1500, a primeira denominação escolhida foi Ilha de Vera Cruz, logo substituída por Terra de Santa Cruz. Essa forma perdurou ao longo de todo o século 16 e, a partir das primeiras décadas, conviveu com a denominação de Terra do Brasil, em virtude provavelmente da madeira então muito comercializada para tingir panos, o famoso pau-brasil.
Em Portugal, círculos de letrados mais ligados ao comércio passaram a usar o nome de Brasil para as terras americanas, enquanto aqueles mais imbuídos dos intuitos salvacionistas e preocupados com a catequese dos indígenas continuavam usando o nome de Terra de Santa Cruz. Essa ambivalência aparece até em obras escritas por um único autor: Pero de Magalhães Gandavo escreveu, por volta de 1570, um Tratado da Terra do Brasil e, cinco anos depois, escreveria uma História da Província de Santa Cruz.
Em 1728, o livro de Sebastião da Rocha Pitta expressou uma tendência que ia então se consolidando: escreveu uma História da América Portuguesa. Com o tempo, e ao longo do século 18, contudo, fortaleceu-se o nome Brasil, e os ‘brasileiros’ deixaram de ser apenas os comerciantes do pau de tinta para se tornarem os habitantes portugueses da América, até que a Independência de 1822 fizesse deles brasileiros de fato.
Laura de Mello e Souza
Departamento de História
Universidade de São Paulo
Texto originalmente publicado na CH 298 (novembro de 2012).