Todo produto sintetizado pelos humanos e que é desconhecido na natureza tem o potencial de causar danos ambientais. A intensidade do prejuízo depende da escala de uso e do tempo de permanência das substâncias no ambiente.
Os detergentes são tensoativos que alteram as propriedades de interfaces e, portanto, podem ser danosos a microrganismos, por exemplo. Em sua formulação, há substâncias – destinadas a aumentar a formação de espuma – que contêm em sua estrutura química nitrogênio ou fósforo. Os detergentes à base de polifosfatos podem levar também à fertilização de corpos de água, causando crescimento exagerado (bloom) de algas e outros efeitos.
Hoje, a maioria das formulações utiliza agentes como o EDTA ou NTA, que não contêm fósforo na molécula. Os detergentes modernos tendem a ser biodegradáveis, o que não ocorria no passado; seu tempo de permanência no ambiente, portanto, é menor. Para lavar copos, pode-se também utilizar sabões em vez de detergentes, caso não se tenha acesso aos biodegradáveis.
Já o plástico usado atualmente para produzir copos e outros artefatos não é biodegradável e permanece pouco alterado no ambiente por décadas após o descarte. Assim, o uso por apenas uma vez de um copo de plástico, como é hábito geral, seguido de seu descarte, é altamente danoso ao meio ambiente, sem falar na própria produção de plásticos, que gera resíduos tóxicos.
Os ftalatos, por exemplo, adicionados para dar maciez ao plástico, são agentes de desregulação endócrina. Os catalisadores metálicos empregados na polimerização (o plástico é um polímero) podem ser descartados no ambiente aquático ou sobre solos, causando danos ambientais. Em resumo: usas copos de vidro é menos prejudicial ao ambiente.
Angela Wagener
Departamento de Química,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro