Duas substâncias capazes de evitar problemas de saúde, extraídas de plantas genuinamente brasileiras, foram patenteadas pela Universidade de São Paulo (USP) e podem ser usadas em breve em produtos cosméticos. Os compostos, obtidos nas folhas do pinheiro-do-paraná e nas raízes da pariparoba, espécies encontradas na mata atlântica, apresentaram efeitos positivos no combate ao envelhecimento e na proteção da pele contra a radiação solar.
Substâncias antioxidantes e antienvelhecimento foram descobertas no pinheiro-do-paraná ( Araucaria angustifolia ), conífera nativa do Sul e Sudeste do Brasil. Fotos: Massuo Jorge Kato (esq.) e Lydia Yamaguchi (dir.) / USP
Do pinheiro-do-paraná ( Araucaria angustifolia ), conífera nativa das regiões Sul e Sudeste do Brasil, foram extraídas (com solventes, após secagem e moagem das folhas) substâncias conhecidas como biflavonóides, que apresentam propriedades antioxidantes (ou seja, protegem contra os chamados radicais livres que danificam as células) e antienvelhecimento. Compostos desse tipo já haviam sido descobertos na planta asiática Ginkgo biloba , mas agora a bioquímica Lydia Fumiko Yamaguchi os identificou na araucária, durante sua tese de doutorado, orientada pelo bioquímico Paolo Di Mascio e o químico Massuo Jorge Kato, do Instituto de Química da USP.
Uma substância presente nas raízes da pariparoba ( Pothomorphe umbellata ), planta nativa da mata atlântica, protege a pele contra os raios ultravioleta (foto: Cristina Ropke)
A descoberta foi o tema da tese de doutorado em farmácia de Cristina Dislich Ropke, orientada pela farmacêutica-bioquímica Silvia Berlanga de Moraes Barros. Segundo Barros, o 4-nerolidilcatecol apresentou, em experiências in vitro , um potencial antioxidante 10 vezes maior que o do alfa-tocoferol, já amplamente usado no mercado em formulações cosméticas. Esses resultados comprovam sua eficácia no combate aos radicais livres”, completa.
Ricardo Diaz
Especial para Ciência Hoje/RJ