Por que os desastres envolvendo a atividade mineradora têm sido cada vez mais comuns? De que forma a mudança no mercado global de minério está associada a esse cenário?

A mineração é uma atividade secular no Brasil. No entanto, a sociedade brasileira não tem o costume de se identificar como uma sociedade minerada.

Nas últimas duas décadas, a mineração ganhou ainda mais escala no Brasil, acompanhando o aumento nos preços das commodities no mercado internacional entre 2002 e 2011, período conhecido com boom. Por outro lado, com a expansão de novos projetos e a intensificação da exploração mineral em áreas com operação vigente, também cresceram os conflitos envolvendo as comunidades do entorno da extração mineral ou que eram afetadas pela infraestrutura dos empreendimentos de transporte, beneficiamento ou disposição de rejeitos.

A partir de 2012, um novo cenário no mercado global de minério se instaura: os preços começaram a cair rapidamente, chegando ao ponto mais baixo em 2016. Nesse contexto de pós-boom das commodities minerais, ou seja, de preços declinantes, também se altera a natureza dos conflitos envolvendo mineradoras, em grande parte porque mudam o comportamento corporativo e as características dos impactos causados pela mineração no país.

Os grandes desastres ambientais e outros impactos provocados são expressão da nova conjuntura de mercado. O rompimento das barragens de rejeito em Mariana, Barcarena e Brumadinho são reflexo da violência das ações corporativas para compensar as perdas econômicas do cenário de depreciação dos minérios, visando manter as margens de lucros de seus acionistas. Contudo, são os grupos mais vulneráveis e com baixo grau de influência política os que mais sofrem, são mortos e impactados pelos desastres da mineração: trabalhadores (em especial, terceirizados), populações não brancas, comunidades tradicionais e mulheres.

Vamos debater sobre a atividade mineradora, seus riscos e impactos? Participe! Mande suas dúvidas e comentários. Eles ajudarão na construção de um artigo para a Ciência Hoje.

Luiz Jardim Wanderley
Departamento de Geografia,
Faculdade de Formação de Professores,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro

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