Cianobactérias são seres unicelulares que podem viver em colônias, fazem fotossíntese ‐ e, portanto, sintetizam seu próprio alimento ‐, não possuem núcleo ou sistema de membranas internas e têm a membrana externa enrugada para aumentar sua superfície de contato com o meio.
Há fósseis muito antigos de cianobactérias. Alguns datam de cerca de 3,5 bilhões de anos atrás. Na evolução da vida em nosso planeta, essas bactérias tiveram dois papéis muito importantes. Nos períodos Arqueano (de 4,6 bilhões até 2,5 bilhões de anos) e Proterozóico (2,5 bilhões até 544 milhões de anos), elas foram responsáveis pelo aparecimento do oxigênio em nossa atmosfera, liberado por meio da fotossíntese. Outra contribuição desses organismos está ligada ao surgimento das plantas. Os cloroplastos, através dos quais as plantas sintetizam seu próprio alimento, são na verdade cianobactérias incorporadas dentro das células vegetais.
A utilização de cianobactérias para produção de uma atmosfera em Marte apresenta alguns problemas: a presença da radiação ultravioleta intensa que atinge a superfície do planeta, as substâncias oxidantes encontradas nos solos marcianos, a ausência de água na forma líquida e as temperaturas muito mais baixas do que as registradas na Terra. Portanto, a pergunta que devemos fazer é: existe em Marte algum ambiente no qual essas bactérias poderiam sobreviver?
Se elas fossem colocadas na superfície do planeta, seriam destruídas pela radiação ultravioleta ou pelas substâncias oxidantes do solo. Se colocadas dentro das rochas (onde já foram encontradas bactérias na Terra), seria possível em princípio contornar os problemas da radiação e das substâncias oxidantes. No entanto, ainda haveria os problemas das baixas temperaturas e da falta de água líquida. Mesmo na calota polar marciana, na qual há grande quantidade de água, ela está no estado sólido e as baixas temperaturas não permitiriam a sobrevivência de microrganismos.
Assim, seria preciso procurar algum ambiente em Marte que tivesse água no estado líquido, onde a temperatura não fosse tão baixa e que obviamente não fosse muito atingido pela radiação ultravioleta ou pelas substâncias oxidantes do solo. Se essas condições forem um dia encontradas em Marte, é possível que alguma forma de vida sobreviva lá. Então, depois de milhares de anos, todo o ambiente do planeta poderia estar modificado, como aconteceu com a Terra.
Dimas A. M. Zaia
Departamento de Química,
Centro de Ciências Exatas,
Universidade Estadual de Londrina
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