O ácido fólico é dado a mulheres que pretendem engravidar e para aquelas que estão no início da gravidez. O objetivo é evitar problemas de má-formação no feto – os chamados defeitos do tubo neural, como espinha bífida (dividida). Daí, essa substância, que é uma vitamina do complexo B, ser prescrita – inclusive no Brasil – para grávidas ou para as que querem engravidar.
Mas será que o ácido fólico teria alguma ação contra o autismo e quadros relacionados, como a síndrome de Asperger, classificada como um autismo ‘leve’?
A equipe de Pal Surén, do Instituto de Saúde Pública da Noruega, analisou dados de aproximadamente 85 mil crianças daquele país que nasceram entre 2002 e 2008. Quando a análise terminou (março do ano passado), essas crianças tinham entre dois e 10 anos de idade. Os pesquisadores centraram a atenção em mulheres que haviam tomado o suplemento entre um mês antes e dois meses depois do início da gravidez.
Das 85 mil crianças, 270 delas (0,32%) foram diagnosticadas com algum quadro ligado ao espectro do autismo: 114 com autismo; 56 com Asperger e 100 com desordens pervasivas do desenvolvimento não específicas.
Feitos os ajustes relativos a nível educacional, ano de nascimento, número de filhos nascidos vivos, a conclusão foi a seguinte: mães que tomaram ácido fólico apresentaram 40% a menos de risco de ter um filho com autismo.
Importante: 1) não foi achada relação do suplemento nem com a síndrome de Asperger, nem com outros quadros do espectro do autismo; 2) a ingestão de ácido fólico no meio da gravidez – ou seja, depois do 3º mês – não pareceu diminuir os riscos de autismo.
Os resultados, como se nota pelo comentário que acompanha o artigo publicado no The Journal of the American Medical Association, devem ainda ser confirmados. “O potencial [do ácido fólico] como suplemento nutricional é animador e deveria ser confirmado em outras populações.”
Cássio Leite Vieira
Ciência Hoje/ RJ
Texto originalmente publicado na CH 302 (abril de 2013).