Pacientes que precisam de exames para a detecção ou confirmação de tumores malignos, metástases e outras lesões no tecido ósseo poderão ter em breve uma opção mais segura e precisa do que as atualmente disponíveis. Uma nova técnica vem sendo implantada no país por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Clínica de Medicina Nuclear MN&D-Campinas, em conjunto com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen).
O método usa o equipamento conhecido como PET/CT (que junta a tomografia por emissão de pósitrons à tomografia computadorizada), podendo detectar alterações menores, em estágios iniciais e com localização mais precisa do que a cintilografia óssea. A Unicamp não dispõe do equipamento, atualmente presente apenas em algumas instituições privadas do país, como a MN&D-Campinas.
Aplicada por meio de PET/CT, a técnica utiliza como matéria-prima uma substância radioativa, o fluoreto-18F. Trata-se da mesma substância usada em tratamentos dentários e também presente em pastas de dente (conhecida apenas como flúor), mas com a característica de emitir uma pequena radiação que pode ser detectada pelo equipamento PET.
Só recentemente o fluoreto-18F passou a ser produzido no Brasil pelo Ipen. Quando injetado no organismo, o fluoreto adere aos ossos nos locais de lesão, permitindo visualizar as concentrações do elemento nas partes alteradas do esqueleto.
“Com uma imagem muito mais detalhada e precisa, o exame detecta metástases e lesões em estágio inicial, proporcionando um tratamento mais precoce e eficaz”, afirma o médico nuclear Celso Darío Ramos, responsável pelas pesquisas comparativas entre o PET/CT ósseo e a cintilografia óssea convencional.
O tempo de exame é outro fator que, segundo Ramos, conta pontos a favor do PET/CT com fluoreto-18F. Enquanto na cintilografia óssea, deve-se esperar até três horas, com o PET/CT ósseo a geração de imagens do organismo é obtida em menos de uma hora após a injeção do material radioativo. Além disso, esse material não apresenta efeitos colaterais para o paciente. Embora o custo do exame seja ainda elevado para os padrões brasileiros, o médico prevê que este deverá cair à medida que a técnica for mais utilizada e difundida no país.
Isabela Fraga
Ciência Hoje/RJ