O trabalho a esse respeito foi feito recentemente pelo estudante de agronomia Renato Teixeira de Oliveira, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sob orientação de João Batista S. Freitas, Oliveira constatou que a Lua influencia o crescimento de sementes do murici (Byrsonima crassifolia), espécie nativa do Nordeste brasileiro, muito comum em regiões áridas e em dunas.

Para as populações ribeirinhas, a planta tem grande importância nutricional, econômica e social”, diz Oliveira, esclarecendo que ela é usada na alimentação, na medicina popular e até no tratamento da água.

Mudas de murici cultivadas em laboratório
Mudas de murici cultivadas no Laboratório de Análise de Sementes da Universidade Federal do Ceará (foto: Renato Teixeira de Oliveira/UFC).

Embora o murici seja uma planta comum, sua germinação é difícil. “De várias sementes plantadas, poucas se desenvolvem”, explica o estudante.

Para a maioria das espécies, a taxa normal de germinação é de 75%; para o murici, esse número fica em torno de 20%. “Essa dificuldade é uma característica natural da espécie.”

Na tentativa de obter maior sucesso na germinação da planta, Oliveira procurou relacionar o processo com os ciclos da Lua. Não com suas fases (nova, crescente, minguante e cheia), mas com o chamado ciclo tropical lunar, que se divide em períodos: de ascendência (quando a Lua se aproxima da Terra) e descendência (quando se afasta).

No ciclo ascendente, maior germinação

Com base no fato de que a ação gravitacional da Lua é provavelmente maior quando se aproxima da Terra, o estudante supôs que o período de ascendência favorecia a germinação da semente.

Para confirmar sua hipótese, fez experimentos no Laboratório de Análise de Sementes da UFC. Em um mesmo canteiro, semeou duas variedades de sementes de murici nos períodos de Lua ascendente e descendente.

O percentual de emergência das sementes plantadas no período ascendente foi aproximadamente 10% maior que no período descendente

O percentual de emergência das sementes plantadas no período ascendente foi consideravelmente maior (aproximadamente 10%) que o daquelas semeadas no período descendente.

Observou-se, além disso, uma velocidade de emergência ligeiramente maior (cerca de 1%) no período de ascendência.

O estudo de Oliveira baseou-se no Calendário Astronômico Agrícola, sistematizado pela pesquisadora alemã Maria Thun. Trata-se de um método de cultivo que visa integrar técnicas agronômicas com saberes da astronomia.

 

Texto publicado na CH 270 (maio/2010)

Outros conteúdos desta edição

614_256 att-21674
614_256 att-21672
614_256 att-21670
614_256 att-21666
614_256 att-21662
614_256 att-21664
614_256 att-21660
614_256 att-21658

Outros conteúdos nesta categoria

614_256 att-22975
614_256 att-22985
614_256 att-22993
614_256 att-22995
614_256 att-22987
614_256 att-22991
614_256 att-22989
614_256 att-22999
614_256 att-22983
614_256 att-22997
614_256 att-22963
614_256 att-22937
614_256 att-22931
614_256 att-22965
614_256 att-23039