Reduzir o lixo urbano e contribuir para a conservação do meio ambiente. Foi com esses objetivos que um grupo de estudantes de engenharia ambiental do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA), no sul fluminense, desenvolveu um pára-sol – protetor solar para automóveis – utilizando embalagens Tetra Pak recicladas.
Para proteger os alimentos, esse tipo de embalagem tem na composição uma camada de alumínio, que cria uma barreira para impedir a entrada de luz. A equipe, orientada pelo engenheiro Jaime Alex Marques da Silva, percebeu que essa propriedade do material poderia ser aproveitada para construir os protetores solares de modo a evitar o superaquecimento dos veículos, como explica a estudante Daniela Vasconcelos, integrante do grupo.
Em dias ensolarados, os vidros transparentes de janelas e pára-brisas de carros deixam passar a radiação emitida pelo sol, que aquece o painel e os estofados e aceleram sua deterioração.
Como os acessórios internos dos automóveis são geralmente de cor escura – caso contrário, ofuscariam a visão de motoristas e passageiros devido à luz refletida internamente, sobretudo pelos vidros dianteiros –, a quantidade de calor retida é ainda maior, o que provoca o superaquecimento interno do veículo.
Na etapa inicial do projeto, o grupo realizou testes de medição de temperatura no interior de um carro exposto diretamente à luz solar. O automóvel permaneceu sob o sol por cerca de quatro horas e meia a cada dia de aferição.
As estudantes constataram que, mesmo no inverno, a temperatura interna de um veículo pode chegar a mais de 60ºC. “No verão, é possível que ela seja de aproximadamente 90ºC”, estima Vasconcelos. “Além de reduzir essa temperatura, o pára-sol ajuda a conservar os componentes internos dos carros”, diz.
Doze caixinhas de leite de um litro foram utilizadas para confeccionar o protetor. Foram experimentadas várias versões de fixação das embalagens. Em uma delas, foram fixadas umas às outras com fita adesiva. Em outra, foram costuradas com fio de nylon e linha de costura, versão que se mostrou mais resistente.
Antes, houve duas etapas determinantes para o sucesso do projeto: primeiro, as caixinhas foram submetidas à temperatura de 100°C em uma estufa e depois a um teste de prensagem. “Dessa forma, conseguimos nos certificar de que o pára-sol não sofreria deformações ou rachaduras com o calor e o dobramento frequente”, conta.
Agora, as pesquisadoras pretendem passar adiante o conhecimento adquirido e ensinar a técnica de confecção dos protetores solares em cooperativas de catadores e comunidades carentes. “A ideia é que essas pessoas fabriquem para-sóis para vendê-los e gerar renda para suas famílias”, afirma a estudante.
Camilla Muniz
Ciência Hoje/ RJ
Texto originalmente publicado na CH 273 (agosto/2010).