Pergunta enviada por Fernanda Barucke, por correio eletrônico.
Bitcoin é uma moeda que existe apenas sob forma digital. Não existe qualquer controle centralizado sobre essa moeda, ao contrário do dinheiro físico, controlado pelo banco central de cada país. As transações feitas com bitcoins são monitoradas por uma rede em que seus usuários realizam o controle, de forma compartilhada (esse tipo de rede é denominada peer-to-peer, ou P2P).
A ideia das bitcoins surgiu em 2009. Elas são protegidas por criptografia, ou seja, somente o dono de uma moeda conhece a senha para usá-la, o que torna praticamente impossíveis os roubos. Como bitcoins só existem sob forma digital, seria fácil fazer cópias das moedas e gastá-las duas ou mais vezes. Para impedir isso, cada compra ou venda feita com elas deve ser informada à rede peer-to-peer, mantendo um histórico para cada moeda e o controle das transações.
Para usar essas moedas, é preciso ter uma carteira eletrônica, que pode ser obtida da internet. O dono de uma bitcoin não é identificado por seu nome, mas por um endereço eletrônico, composto por uma série de letras e números. Esse sistema mantém o anonimato dos proprietários, mas também facilita a lavagem de dinheiro e o mercado negro.
Também é possível fazer parte da rede que controla o sistema, instalando um programa de ‘mineração’ (bitcoin mining), também obtido na internet. Os ‘mineradores’ controlam as transações, por meio de um código criptográfico que valida cada uma delas. O programa minerador que determina esse código é recompensado com bitcoins, e essa é a única forma de criação de novas moedas. A taxa de criação é reduzida à metade a cada quatro anos, para evitar inflação, e deve ser extinta quando 21 milhões de bitcoins estiverem em circulação (hoje, estima-se que existam cerca de 12 milhões).
Bitcoins não são regulamentadas, e nenhuma empresa é obrigada a aceitá-las – é uma decisão voluntária. Não se sabe, no entanto, se a ideia levará à criação de uma moeda digital mundial ou se especulações e mercados ilegais vão torná-la inviável.
Raul Fernando Weber
Instituto de Informática
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Texto originalmente publicado na CH 312 (março de 2014).