Corpo e mente dos atletas olímpicos e profissionais são levados ao limite na busca por vitórias e recordes, mas cuidados, infraestrutura e pesquisa podem contribuir para equilíbrio físico e psicológico
Corpo e mente dos atletas olímpicos e profissionais são levados ao limite na busca por vitórias e recordes, mas cuidados, infraestrutura e pesquisa podem contribuir para equilíbrio físico e psicológico
A ginasta Simone Biles postou sobre a importância da saúde mental.
CRÉDITO: REPRODUÇÃO @ SIMONEBILES.
Citius, altius, fortius. As três palavras em latim – mais rápido, mais alto e mais forte em português – que formam o lema dos Jogos Olímpicos simbolizam o que se espera dos atletas: força, vigor, agilidade… O corpo humano levado ao máximo de sua capacidade. Tudo isso é verdade, mas toda essa potência é sinônimo de saúde? Nem sempre. Os esportistas de alto rendimento sentem as consequências de levar a si mesmos ao extremo. Um preço que pode ser pago pelo corpo e pela mente.
Se praticar exercícios é obrigatório para levar uma vida saudável para a população em geral, para um atleta o esforço máximo em longo prazo pode comprometer o bem-estar. Esses prejuízos, no entanto, podem ser evitados com cuidados e estratégia aplicados aos treinamentos dos atletas.
Ex-judoca que representou o Brasil na Olimpíada de Barcelona em 1992, o médico ortopedista com doutorado em medicina esportiva pela Universidade de São Paulo, Wagner Castropil enumera desafios e benefícios para quem compete em alto nível:
“O atleta de alto rendimento, do ponto de vista físico, leva seu organismo ao limite. Isso pode provocar lesões, estafa, estresse e até burnout. No entanto, há benefícios na prática de atividade física que vão além do físico, abrangendo também o mental e o psicológico. Superando desafios e estabelecendo metas, o atleta desenvolve maior resistência e resiliência”, defende Castropil.
O médico, que também colabora com a Confederação Brasileira de Judô, aponta as estratégias para proteger a saúde dos atletas:
“O segredo está no equilíbrio entre o estímulo e a capacidade do indivíduo, um balanço que cresce ao longo do tempo. Esse princípio de sobrecarga se aplica aos atletas, que precisam gradativamente modelar os estímulos para se fortalecer física, metabólica, fisiológica e psicologicamente”.
Uma aliada na busca por esse equilíbrio é a esportômica, uma área que analisa o atleta como um todo (daí o sufixo ômica), investigando as mudanças metabólicas do corpo nos momentos de estresse físico intenso (a resposta do metabolismo ao esforço) e de descanso. Esses estudos são usados para melhorar o desempenho dos atletas e antecipar problemas.
“Durante uma corrida de bicicleta de 800 km, por exemplo, utilizamos a esportômica para diagnosticar, tratar e monitorar a progressão da hepatotoxicidade causada por altas doses de paracetamol (analgésico usado por atletas para suportar dores musculares). Outro exemplo: marcadores de lesão muscular e resposta inflamatória podem indicar a estratégia de recuperação ideal para diversas fases do treinamento, permitindo a detecção precoce de sobrecarga muscular”, explica o bioquímico L. C. Cameron, da University Health Network, do Canadá, e do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).
Segundo Cameron, a esportômica estuda atletas de alto rendimento a partir de amostras de sangue, urina, suor e saliva coletadas em situações que reproduzem as condições enfrentadas em competições. As informações colhidas são aplicadas na gestão de treinamentos, controle de carga, antecipação de lesões, entre outros, mas, também, para prevenir contusões e até doenças.
“Mais recentemente, investigamos uma alteração no metabolismo da tirosina (aminoácido que pode ser produzido naturalmente pelo corpo), induzida pelo esforço em jogos de futebol, mimetizando uma doença genética rara chamada Hawkinsinúria. Esta doença está associada a acidose, deficiências cognitivas, ataxia e degradação da sensação visual, e é caracterizada pela excreção urinária de uma molécula chamada hawkinsin. Por se tratar de uma condição rara, existem poucos estudos sobre o tema; principalmente relatos de casos. Nesse sentido, propusemos que o exercício físico possa desvelar-se como modelo de investigação”, prevê.
Igor Julião: mudança de liga para buscar o bem-estar.
CRÉDITO: DIVULGAÇÃO/MARÍTIMO
A pressão física e mental é tanta na vida dos atletas de alto rendimento que já há quem abra mão de estar em evidência por uma vida com “corpo são e mente sã”. É o caso do lateral-direito Igor Julião, atualmente jogando pelo Marítimo, de Portugal. Depois de muitos anos no Fluminense, do Rio de Janeiro, o jogador mudou de país com argumentos que vão além de campo e bola.
“Ser um atleta de alto rendimento ao longo prazo não faz bem para o meu corpo. Sinto dores nas articulações e, com o tempo, as dores nas costas se tornam mais frequentes. A resistência a essas dores diminui porque estamos treinando com muita carga desde a infância”, lamenta Julião.
Mas o lado psicológico foi o que mais contou para o jogador decidir fazer mudanças:
“Fui privilegiado na minha carreira por ter jogado muito tempo em clubes grandes e vivido em várias cidades, mas também tive que lidar com muita pressão. Chegou a um ponto em que escolhi uma liga com menos pressão e melhor qualidade de vida, optando por isso em vez de um aumento financeiro, para priorizar minha saúde mental e bem-estar. No Fluminense, tive acompanhamento psicológico desde o primeiro ano, o que me ajudou a encontrar válvulas de escape e a cuidar da minha mente e das pessoas ao meu redor”, conta.
O caso de Julião é um que ilustra como a pressão constante por resultados e a alta exigência física levam, também, ao desgaste. Um exemplo famoso foi o caso da ginasta norte-americana Simone Biles, que desistiu de disputar o individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio e chamou a atenção do mundo todo para a saúde mental dos atletas.
“Assim que eu piso no tablado, sou só eu e a minha cabeça lidando com demônios. Tenho que fazer o que é certo para mim, me concentrar na minha saúde mental e não prejudicar minha saúde e meu bem-estar”, declarou ela à época.
A psicóloga Bárbara Campos, membro da Comissão Especial de Psicologia do Esporte e do Exercício do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal, aponta que a saúde mental dos atletas é desafiada pela pressão por desempenho e por relações complexas dentro e fora do campo. A ansiedade por desempenho pode levar à depressão, estresse crônico e burnout.
“A saúde mental é essencial para todos, não apenas para atletas de alto rendimento. Estudos mostram que um bom estado mental não só melhora o desempenho físico, mas também ajuda a lidar com desafios e a manter a motivação. Quando há descuido com a saúde mental, a saúde física é impactada. Estresse, depressão e ansiedade aumentam o risco de lesões, podem levar ao abandono do esporte e afetam a motivação e a concentração”, explica a psicóloga.
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Eloisa
Poisé
Ellen
É importante sabemos que também os atletas precisam de ajudar, ameii
Herick
Isso é um assunto muito interessante, e muito importante a ser comentado, treinar o corpo e a mente é importante para um esporte bem difícil e que requer muita concentração, além disso você vai estar trabalhando na sua saúde mental, oque não é muito fácil, pois você vai estar com várias pessoas lhe assistindo e isso causa pressão em você, por isso q acho importante trabalhar a mente e o corpo do atleta, e eu acho interessante o fato de isso estar sendo comentado por que é um assunto que quase não é falado sobre os esportes e tals.
Davi Emanuel
Muito bom pois fala sobre o risco que a saúde mental e corporal causa
Emanuel Lourenço Pereira Barros
Gostei muito sobre falar dos riscos a saúde do esporte de alto rendimento, que precisa bem de descanso corporal e mental, ter uma vida saudável e etc??