O filósofo inglês Francis Bacon
Frontispício de O avanço do conhecimento
Em um paralelo com as viagens de descoberta do Novo Mundo, ele argumenta que seria uma desgraça para a humanidade se ela ficasse restrita ao conhecimento dos antigos, se a descoberta de novos continentes não fosse acompanhada de uma expansão do mundo intelectual. Não é, pois, por outro motivo que a capa de várias edições de Advancement of learning estampa a imagem de uma caravela se lançando ao mar aberto, indo além dos limites conhecidos, simbolizando a busca de novas perspectivas.
É notável nos escritos de Bacon sua habilidade para articular idéias e desenvolver argumentos que ajudaram a vencer barreiras culturais. Um exemplo curioso de estratégia adotada para reduzir a preponderância que a teologia tinha na cultura da época é a defesa da ciência como atividade sagrada. Isso não significava mistura com a religião. Pelo contrário, Bacon procurou separar os campos e garantir um amplo terreno para o desenvolvimento da ciência. O argumento que ele explorou foi o da distinção entre o livro das palavras de Deus (a Bíblia ) e o livro de suas obras (a criação da natureza). A escritura revela a vontade de Deus; o livro da natureza, seu poder.
Bernardo Jefferson Oliveira*
Faculdade de Educação,
Universidade Federal de Minas Gerais
*Autor da obra Francis Bacon e a fundamentação da ciência como tecnologia (Belo Horizonte, Editora UFMG, 2002).