Pergunta enviada por Gerson Santos Valadares, por correio eletrônico.
As rochas mais antigas do nosso país, e também da América do Sul, são tonalitos gnaisses que ficam na região de Serra Caiada, no Rio Grande do Norte, a 100 km de Natal. Há 10 anos essas rochas foram datadas com 3,5 bilhões de anos, nos estágios iniciais da evolução do planeta Terra, período Arqueano.
Nessa mesma região, existem rochas que estão sendo estudadas atualmente e que podem ser ainda mais antigas, com 3,8 bilhões de anos. Conforme novas pesquisas geológicas vão sendo feitas, a probabilidade de se encontrar rochas mais antigas aumenta.
Outra região em que rochas desse período estão sendo encontradas é o sertão entre Petrolina e Juazeiro, na divisa da Bahia com Pernambuco. Lá, terrenos cristalinos do chamado Cráton do São Francisco têm sido datados em mais de 3 bilhões de anos.
Fora do Brasil, rochas com essas idades são encontradas somente na Groenlândia, África do Sul e Canadá. As rochas brasileiras tiveram suas idades medidas pelo método de datação U-Pb (urânio-chumbo), que leva em conta a quantidade de energia emitida por elementos radioativos.
O zircão é um mineral radioativo presente nas rochas analisadas e rico em urânio (U). Esse mineral se forma nos estágios iniciais da cristalização de uma rocha, quando ela passa do estado líquido para o sólido. Nesse processo, o urânio sofre um decaimento radioativo: seu núcleo atômico vai se desintegrando e perdendo energia até que ele se transforme em chumbo (Pb), que é estável e não se desintegra.
Para saber a idade da rocha, mede-se o tempo que esse decaimento leva para acontecer, considerando-se também a quantidade de chumbo na rocha no momento de sua formação.
Elton Dantas
Instituto de Geociências
Universidade de Brasília
Texto originalmente publicado na CH 299 (dezembro de 2012).