A voz das águas da Amazônia Atlântica

Jornalista, especial para a Ciência Hoje

Podcast premiado e produzido por alunos em Bragança, no Pará, “Mexericos na Maré” mergulha na cultura e na ciência de pesquisadores e comunidades tradicionais

Equipe do podcast no estúdio: eles conquistaram o segundo lugar no Prêmio José Reis

“Maretório” não está no dicionário, mas é palavra entranhada na vida de comunidades da Amazônia que têm suas rotinas ligadas às águas, aos mangues e às marés. O conceito ganhou força nos movimentos sociais das regiões costeiras amazônicas e se tornou parte da luta de lideranças comunitárias, pesquisadores e ativistas para situar essa porção de território atravessada pelo ritmo das marés. “Maretório” são comunidades ribeirinhas, pescadores, marisqueiros, caranguejeiros, extrativistas… E o conceito por trás do “Mexericos na Maré”, podcast premiado que leva às plataformas de áudio a cultura e a ciência produzidas principalmente em Bragança, no Pará, região conhecida como a “Amazônia Atlântica”. 

“’Mexerico’ é fuxico, é mergulhar num assunto que às vezes não querem que saia à tona, um segredo, e ‘maré’ entrou no nome pela influência que ela tem nessa região da Amazônia Atlântica. A ideia é divulgar as pesquisas daqui para além da academia, unindo ciência e divulgação cultural. Fuxicamos no que temos pesquisado e no que os movimentos sociais e populações tradicionais mobilizam em termos culturais para reproduzir seus modos de vida”, explica Josinaldo Reis do Nascimento, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA) e um dos responsáveis  pelo projeto. 

“Mexericos na Maré” nasceu em 2021, num projeto de extensão da professora Roberta Barboza, do Laboratório de Ensino, Pesquisa e Extensão Pesqueira junto a Comunidades Tradicionais (LabPexca), da Universidade Federal do Pará (UFPA) de Bragança. Um ano depois, o professor Josinaldo Reis se integrou à coordenação, na ponte com os movimentos sociais e culturais e na curadoria dos temas e entrevistados, sempre ligados à região, em construção com a equipe do podcast. Alunos, alunas e o jornalista Filipe Sanches, do IFPA, se encarregam da pesquisa, do roteiro, apresentação e edição/sonorização. O programa é gravado dentro do Laboratório de Extensão, Comunicação e Experimentação Audiovisual (LabCria), do IFPA Campus Bragança. 

“São três eixos principais: divulgar as pesquisas e a cultura da região, incentivar os próprios alunos a construírem o projeto e, por fim, fazer com que a própria comunidade se escute nele”, diz o professor Josinaldo Reis do Nascimento.

Nos dois primeiros anos, o formato era baseado em entrevistas com pesquisadores, artistas, mestres e mestras, “fazedores” da cultura local. A partir da terceira temporada, ganhou mais dinâmica nos diálogos. Na quarta temporada, com o apoio do Instituto Serrapilheira, veio uma pegada mais narrativa. O mote atual são os “Maretórios do Futuro”.  Os episódios tratam dos manguezais, da luta das mulheres do “Paneiro do Mangal”, que se organizam para plantar e gerar renda dos seus quintais e da “Rede de Mulheres das Marés e das Águas”, que discute os direitos das mulheres pescadoras e marisqueiras da costa amazônica. Também “mexericam” na rotina dos tiradores de caranguejo, nas belezas do encontro da Amazônia com o mar e nos desafios das transformações que afetam esse ecossistema e sua importância no contexto das mudanças climáticas.

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