Entender o conceito de biodiversidade pode transformar o modo como os estudantes enxergam o mundo em que vivem, interagem com seu ambiente e até conscientizá-los de algumas de suas responsabilidades como cidadãos. Por mais que pareça uma conceitualização simples, este é um desafio que se impõe não só aos professores de biologia, mas também aos docentes de outras áreas no ensino médio, uma vez que o tema precisa ser trabalhado de forma multidisciplinar, justamente, para torná-lo mais próximo das vivências dos alunos.
O ponto de partida é tratar a biodiversidade de forma ampla, mostrar que o conceito vai muito além da “diversidade do conjunto de seres vivos que existem na biosfera”. A diversidade genética é fator fundamental para se manter a integridade dos ecossistemas. Logo, podemos dizer que a biodiversidade inclui todos os genes existentes na natureza, que são combinações de moléculas que todo ser vivo tem dentro de si, recebidas dos seus pais, e que funcionam como receitas para o seu crescimento, funcionamento e reprodução.
Dentro desta concepção, uma mensagem importante para os estudantes é de que a extinção de qualquer espécie pressupõe não apenas o seu desaparecimento da natureza, mas também o fim dos milhares de genes que possuía, muitos exclusivos, obtidos após milhões de anos de evolução.
E mais: os ecossistemas são formados por seres vivos e, também,‘itens não vivos’, como temperatura, luz, umidade e solo – ou seja, o ambiente. É constante a interação entre os seres vivos, que influenciam e são influenciados pelos fatores abióticos.
Valiosos no currículo escolar, esses conceitos introdutórios a respeito da biodiversidade precisam levar os estudantes a refletirem cientificamente a partir de suas próprias vivências. Qual, afinal, é a interação destes estudantes e de sua comunidade com o seu ambiente? Essas questões podem e devem ser ampliadas. O Brasil possui uma rica diversidade, e é papel da escola – e do docente – lançar mão de recursos que estabeleçam vínculos dos estudantes com suas regiões.
Estudar fatos históricos e ciclos econômicos, entre outros, ressaltando sua dependência da biodiversidade local pode ser uma das estratégias. Destacar que cultura e economia estão relacionadas à biodiversidade também. Daí a importância da multidisciplinaridade, envolvendo os professores de história, geografia, entre outros.
Outra forma de sensibilizar os estudantes é contextualizar o tema. Para isso, podem ser usados programas de TV, filmes, documentários, notícias em geral. Tudo para que a biodiversidade não seja vista somente de forma macro, focando apenas em animais ameaçados de extinção ou florestas muito distantes da realidade do aluno. Procurar falar também de bichos e plantas que os estudantes conhecem pode ser outro caminho para a aproximação. Os laboratórios escolares e outros projetos pedagógicos que levam à prática são outras das excelentes ferramentas de aprendizagem para este tema.
O estudo aprofundado da biodiversidade deve sempre destacar a íntima relação entre os humanos e a natureza, despertando assim cidadãos conscientes ambientalmente, capazes de saber que devem consumir o essencial, sem destruir o nosso meio, para a nossa própria sobrevivência como espécie. Tratar do impacto ambiental da moda ou dos smartphones, por exemplo, e de outros bens descartáveis é um modo de se aproximar do cotidiano dos estudantes.
Ao que se pode constatar, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) na disciplina de Biologia corroboram com essas reflexões na sensibilização dos estudantes para o tema biodiversidade: “Vivemos num país com uma das maiores biodiversidades do planeta, e é imprescindível que os cidadãos tenham conhecimento dessa diversidade biológica e compreendam sua responsabilidade sobre esse contexto.”
No entanto, para que os educadores possam, efetivamente, alcançar esses objetivos, usando tecnologias de informação e comunicação, são necessários programas permanentes de formação e atualização constante. É importante que os professores tenham metodologias e recursos capazes de contagiar os estudantes, instigando a curiosidade, provocando-os a ver e fazer coisas novas.
Os docentes, no entanto, somente atingirão essa meta ao se sentirem estimulados também. Da mesma forma que a biodiversidade envolve a interação entre ecossistemas, os seres vivos e os fatores ambientais, o ensino também depende da interação ‘professor-estudante-conhecimento’.
Marciano Coleta Leal
aluno do Mestrado Profissional em Ensino de Biologia em Rede Nacional (ProfBio)
*Artigo resultante de entrevista com o pesquisador Paulo Robson de Souza, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
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